domingo, 21 de março de 2010

Espírito Santo no Mapa!

Nasci no Espirito Santo, mas toda vez que alguém me pergunta de onde eu sou me olham torto. Pra ser sincero eu não sei se o Espírito Santo possui uma identidade própria, algo que o caracterize, que seja uma marca no Brasil inteiro. Para me formar em jornalismo vim pra Minas, Ouro Preto, cidade histórica, igrejas, igrejas e...igrejas!
Mas, passado praticamente um ano, a saudade de casa e a vontade de me transferir para o Espírito Santo é grande. Sei que, para uma carreira voltada para a área jornalística e audiovisual, ficar no Espírito Santo (talvez) seja condenar-se, mas passei a enxergar esse ponto de vista por outro viés.
Já andei reparando o noticiário espírito-santense tanto televisivo quanto impresso. Falta muita coisa, aqueles profissionais podem bem mais. Confesso que não suporto Vitória (a capital), mas que seria um desafio conhecê-la a fundo e descobrir coisas ocultas que ninguém viu e teve a ousadia de captar de modo criativo, experimental, documental.

Estou interessado em voltar ao Espírito Santo e investigar seu passado, investigar sua gente seu povo. Perguntar as pessoas o que acham sobre o próprio estado. Estou a fim de conhecer realmente o Espírito Santo, um pouco de cada cidade, um pouco do oculto de cada município. Conhecer os lugares conhecidos pela lenda, documentar a cultura, os causos, os versos dos humildes.
Quero navegar pelo cinema capixaba, fazer parte do mesmo e, me diferenciar de muitos, que se esquecem do estado o qual nasceram. Sonho.
Minas, por exemplo, possui muitas vertentes, várias identidades dentro de outra identid
ade maior e abrangente. Muito daqui já é conhecido nacional e internacionalmente. È claro que se mesmo estudando no ES ou em MG, não é por lá que pretenderei ficar até os finais de minha desconhecida carreira “profissional”. Quero conhecer outros lugares também, trabalhar com outras pessoas em lugares que me ofereçam maior estabilidade. O que eu não quero é desprezar e pensar que o Espírito Santo é um estado sem cara, sem rosto, sem face. Alguns capixabas mais antigos me achariam idiota. Mas, olhando de fora e vendo pela perspectiva de outras pessoas (mineiros, cariocas, paranaenses, pernambucanos, baianos, gaúchos) pouco se fala da cultura (ela existe?) e da identidade espírito-santense.
Já conheci baianos que fizeram conhecer o dialeto único, conhecível em qualquer lugar, conheci gaúchos que cá trouxeram seu chimarrão, seus costumes e seu falar diferenciado, já conheci o modo peculiar dos mineiros, a maneira como se dirigem à cultura e costumes de seus estados, como as exaltam com veemência, como tem orgulho.
Quero criar para mim um estilo audiovisual pautad
o e baseado em alguma cultura, e quero, desejo que essa cultura não seja a mais conhecida de todos. Que graça teria algo repetido, já conhecido? Quero algo novo, algo a se descobrir, desenhar, procurar. Não quero nada fácil, não quero reproduzir o já reproduzido, proclamar o já proclamado, celebrar o que já se foi falado, deslumbrar o que já é belo. Quero e estou esperançoso em transformar as cidades do espírito santo em pano de fundo para minhas histórias, sejam elas fictícias ou reais. Documentar o boi-pintadinho, a folia de reis, o povo e a modernidade do espírito santo de forma singular.
Talvez, nessa minha viagem audiovisual e jornalística, me perca no meio da história capixaba e me fixe lá por completo. Também não será nada mal. Só não espero morrer de fome. Sei que sofrerei pa
ra fazer aquilo que gosto, insistirei com todas as minhas forças, batalharei. Estou percebendo desde cedo que não é fácil. Quem se arrisca no cinema deve ser muito corajoso ou ter muito dinheiro como João Salles. Fazer cinema e jornalismo é um prazer, não simplesmente um hobbie (também é). Quem faz cinema ou quem faz jornalismo é porque tem a certeza de que é aquilo que quer . Todo estudante de jornalismo chega à faculdade ainda com duvida entre a comunicação e o direito. Propagam-se, entre as próprias famílias, sociedades em geral que engenharia, medicina e tais, tais... são os cursos que nos garantem profissionalmente. Não me oponho. Sei que um médico recém formado ganhará sempre mais. O que me impressiona é o fato da pessoa estudar 6 anos já sabendo que terá um futuro garantido, dinheiro no bolso, carro na garagem.
O legal é arriscar suas pratas num jogo imprevisível até o fim, saber o que quer exatamente, viver intensamente cada momento, sempre com preocupação no futuro, claro, mas ter vontade para experimentar , para tentar. Nada é tão importante, também, do que ter na cabeça o qual será o viés a se seguir, qual a ‘identidade profissional ‘ que será seguida. Eu já estou traçando a minha, pensando, planejando, sem frustração e medo.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bacana o teu texto. Acho que esta aventura de fazer cinema e Investir em ideia, tempo, grana e sentimento, é o desejo de quem sabe o que quer da vida.
O futuro pode ser incerto, mas isso é relativo. Relativo quando se trata do que gostamos de fazer. Fazer a diferença através do audiovisual ou do jornalismo é mais do que uma simples escolha. É um estado de espírito!
Abração