domingo, 21 de março de 2010

Criança grande.


O fato é que cada coisa tem seu tempo. Cada coisa tem a sua devida hora pra acontecer. Não é demagogia. É fato. Passei a perceber que os momentos alegres da vida não acontecem a todo momento. Aprendi que os momentos realmente prazerosos, justamente aqueles que duram relativamente poucos, acontecem com pouca freqüência. Mas acontecem e devem ser valorizados quando surgem.
Estava há tempos sem escrever e, confesso, jurava ter perdido a minha sensível e pequena capacidade de observar as coisas (já que a observação ainda é o principal combustível da minha máquina de idéias). As últimas notícias dos meses me fizeram mudar a rota das coisas, dar uma pausa em projetos recém-nascidos, recém-planejados, quase prontos. Essas mesmas notícias significavam respostas. Algo como: “chega de brincar, agora você cresceu”. Essas respostas e notícias começaram a se tornar assuntos para futuras crônicas ou páginas de diário virtual. Eu começava a crescer e crescia dentro de mim uma vontade enorme de começar a crescer. Parece tolo e idiotamente medíocre dizer isso, mas nada como sair do seu mundo por alguns instantes e enxergá-lo de fora. Ter noção de que não é mais criança e que precisa crescer realmente.
Acho esse crescimento repentino espantoso. Ainda acho que serei uma eterna criança. As minhas idéias e tudo aquilo que faço (inclusive escrever) veio daquilo que eu era quando criança. Quando triste no canto de um quarto sem ninguém para conversar. Apenas lápis de cor, pincéis e... parede! Ainda lembro-me do meu primeiro conto, dos meus primeiros planos, dos meus primeiros sonhos. O melhor de tudo é saber que eles ainda continuam e isso é segredo para todo mundo que não faz parte do meu mundo, desculpem! RS.
Ainda faço planos bizarros, penso em coisas idiotas, brinco. E eu me pergunto agora: o que seria de mim se não brincasse, se eu levasse a vida tão a sério, tão a risca? Na verdade tenho medo de muita coisa, mas as brincadeiras e o espírito infantil que às vezes me invadem me fazem esquecer certos problemas tão idiotamente fúteis deste nosso querido século XXI.
Eu juro que não conseguiria viver sem lembrar e aproveitar tudo aquilo que vivi no passado. Tudo aquilo que eu sonhei, tudo aquilo que me fez sorrir, chorar.
Recém chegado de viagem, trouxe na bagagem muito assunto, fotos, vídeos, histórias tristes e alegres, aventuras milagrosas e “radicais”. Material que, para um prolixo como eu, renderia umas 149 páginas de repetidas e incansáveis declarações sobre as minhas íntimas observações que alguns podem achar inutilmente fúteis.
Em minha cidade natal, saí com namorada e amigos a um evento bem bacana. Fui à missa na minha enorme e aconchegante matriz de São João Batista. Agradeci tudo o que havia acontecido na viagem. Agradeci pelos momentos bons, pelos momentos em que eu tinha certeza que tudo estaria pior se eu não tivesse fé junto com mamãe que me acompanhava em tudo. Agradeci por ela também, minha mãe. Pela incrível paciência. Pelo amor e pela incansável vontade de me ver feliz e satisfeito. As situações que presenciei, ainda na capela, me fizeram ter vontade de escrever mais coisa, tive mais assunto, mais vontade de chegar em casa e passar tudo para uma folha, um rascunho de papel, um computador. Como não estava em casa, utilizei mesmo o celular. Anotei as palavras principais, frases que, automaticamente quando chegasse em casa, me fariam lembrar o que eu queria escrever. Em plena celebração, eu, meu celular e minhas idéias.
Eu estava com uma vontade absurda de escrever, mas sabia que aqueles textos, crônicas ou histórias não iam ficar prontos no mesmo dia ou na mesma noite. Confesso que as minhas vontades de escrever são momentâneas, instantâneas. Mas também confesso que elas sempre serão trabalhadas algum dia. Tenho uma caixa repleta de papéis. Há frases, nome de pessoas, nome de objetos, nome de produtos, programas de TV, situações e palavras em uma letra que nem eu mesmo, autor dessas artimanhas, reconheço. São esboços, projetos de futuras crônicas e livros. Uma caixa que, para mim, tem um incrível valor. É meu tesouro, algo que pode garantir meu sustento futuramente. (ok! Fui longe demais rs).
Mas o que eu percebo é que continuo sendo uma criança. Uma criança grande, com propósitos, com sonhos e manias que ajudam a montar meu quebra-cabeça pessoal.

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