domingo, 21 de março de 2010

Uma viagem no meu mundo de criações


Chego de uma longa e trabalhosa temporada no Rio de Janeiro. Digo trabalhosa porque foi um momento em que eu, enquanto a namorada fazia uma oficina nas dependências da fundação Roberto Marinho, tive várias e várias idéias. Vontades de transformação, mudança com relação ao meu estilo de trabalho. Mudanças necessárias, mudanças pequenas, não radicais.
Aproveitei bastante os locais de visitações cariocas tradicionais. Praxe. Uma paz interior surgira, conheci pessoas, algumas mais crianças, algumas mais adultas. Mas todas me trouxeram inspiração, trouxeram a realidade a seu modo. Conheci profissionais, seus medos, seus desejos, suas idéias e suas influências.
Tudo foi construtivo para a minha volta. Quis chegar na minha cidade natal produzindo coisas com qualidade, mais qualidade ainda. Tempo? Realmente eu não tenho. E entre aproveitar o carnaval da minha pacata cidade natal e começar uma pequena jornada de gravações no mesmo período, fico com a primeira opção. Muito estresse, muita preocupação, mas, muito tesão, confesso.
Ultimamente tenho tido preferência pelos produtos menores, pelas coisas menos trabalhosas. Confesso que consigo transformar uma produção de um curta metragem de um minuto e meio numa coisa altamente preocupante e estressante, mas a proporção ia aumentar se o produto final fosse um longa-metragem. Passei a me dedicar com trabalhos pequenos, coisas bem produzidas e compactas, coisas gostosas de fazer e que não me limitem, não limitem minhas férias, meu namoro.
A minha preferência mesmo é passar as próximas férias trabalhando com aquilo que gosto, aquilo que gosto mais ainda que as aulas de jornalismo, sempre teóricas por enquanto. Voltar para a minha cidade natal ainda continua sendo inspirador. Não minto que Ouro Preto possui um alto dom de inspiração, uma beleza histórica e artística que me deixa tão embebedado que fico imóvel. Sobra apenas a ilustre capacidade de apreciar, viajar e sonhar em produzir algo ficcional ali no futuro. Nada de verdade, apenas as paredes e as fachadas de décadas
Ouro Preto e Mariana continuam cheias de informação. São cidades que atraem turistas de todos os cantos da América. São berços de eventos incrivelmente bem produzidos e calcados na cultura da região. Domesticam uma grande quantidade de livros, acervo que deixa clara as manifestações que ocorrem ali, as histórias vividas, os acontecimentos mais marcantes. O fato é que Ouro Preto é uma cidade de grande peso cultural no país.
A ocultalidade ainda é algo que chama minha atenção. Sou atraído pelo secreto, o escondido. As histórias mal contadas, os versos dos personagens mais estranhos e discretos. Por isso, voltar a Muqui durante as férias, mesmo que por alguns dias, é algo que me deixa redondamente feliz. Muqui me instiga e faz pensar. Quando penso, invento e, quando invento, me alegro, me enfeitiço, me faço acreditar naquilo que eu próprio inventara. Aí sim passo a acreditar que as coisas são possíveis quando se pensa, se sonha, se inventa de verdade. Contradição. Quando “se inventa de verdade”. Sou um eterno mentiroso, um reles e mortal indivíduo que tem o um nariz que cresce infinitamente. Criar histórias ainda é algo que me fascina. A Herança é apenas uma das minhas maiores mentiras. Escrevi com base na realidade, nas coisas que ouço nas ruas, nas coisas que vivencio dentro da minha própria casa. Por incrível que possa parecer e por mais que a mentira ainda seja, em parte, ridicularizada pela sua criação, grande parte de acontecimentos reais, vividos pelos mortais, às vezes parecem inacreditáveis, coisas capazes de surpreender e ultrapassar até, o mundo ficcional.
Quando lemos jornais revistas e outros meios de comunicação, entre eles a internet que é o meio que consegue ser multifacetado, globalizado e altamente atualizado, surpreendemos pelas quantidades de acontecimentos que assustam. Muitas são as histórias, os vídeos, as fotos.
O cinema entrou na minha vida de forma discreta. Talvez ele já estivesse presente desde a minha primeira criação de história, algo que ocorreu lá pelos meus 9, 10 anos de idade. Talvez não. Quando vou produzir qualquer coisa, seja ela a mais simples possível, procuro estar por dentro da produção, cenografia, direção, fotografia e roteiro. Eu não conseguia me desapegar, confiar inteiramente em outras pessoas. Sim, sei que isso não é certo. É preciso se desapegar do projeto, fazê-lo coletivo, abrangente.
Essa viagem foi importante para mim. Ouvir aqueles profissionais novamente foi enriquecedor. E vou levando a vida, pensando, criando, coisas grandes, coisas pequenas, simplesmente coisas.

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