domingo, 21 de março de 2010

Escrever e chorar: é só começar.

Texto extra: 1/06/09

Recuperado do meu aniversário de ontem, o qual merece um outro texto, usei a segunda feira para me reorganizar e retomar meus estudos já que tenho prova no próximo domingo. Na tarde dessa segunda feira aconteceram umas coisas e uma acumulação de temas e acontecimentos que eu não pude me furtar a dissertar, escrever, colocar para fora as sensações que estou sentindo e o que esses acontecimentos provocaram em mim. Passaram pela minha cabeça, esse final de semana, milhares de pensamentos, vários e vários “problemas” que eu mesmo invento e muitas sensações ruins que, de uma hora para a outra, desapareceram. Graças à Deus!
Lembrando dessa acumulação de sentimentos, que leva á um “despejo” de sentimentos através de texto (no meu caso), fiz uma analogia com o ato de chorar. Lágrimas. Quando choro, emano as lágrimas por demasiados motivos. Não choro por x, por y ou por z, mas choro quando x abala y e quando y se choca com z. Na verdade, só conseguirei mostrar o mais expressivo sinal de fraqueza (o choro, quando triste), quando xyz estão todos na minha cabeça, juntos e fazendo minha cabeça quase explodir.
“Escrever é como chorar. Só escrevo ou choro por vários motivos e não por um ou dois fatos isolados, a menos que causem em mim um tremendo choque de emoções e idéias”
Hoje, por exemplo, eu tenho tantas emoções para relatar que elas acabam se chocando e me fazendo ficar doido, porque não consigo ter um direcionamento e meu texto acaba ficando vago, sem direção, sem uma temática definitiva. Tem gente que gosta. Mas que besteira! Eu não tenho que me preocupar tanto com direção já que eu, assumidamente, já não me preocupo com a métrica, com a geometria, com a organização das palavras. Às vezes sim, as vezes não.
Tenho um primo que “ninguém queria ter”. Ele é bem agitado, elétrico e gosta de sempre mexer com as pessoas. É um garoto inteligente, apesar de muitas vezes ter me feito passar raiva (uma vez dei-lhe um beliscão que ele gemeu de dor). Eu não conseguia entender aquele gênio forte. Aliás, nem especialistas conseguiram entender, já que ele não tem problema específico algum. Nos últimos dias ele nem tem feito muita bagunça (principalmente no meu quarto que é o seu ponto alvo principal), creio eu que por causa do beliscão.
A mãe dele, apesar de gritar, nada faz. Seus gritos e nervosismos me deixam perplexo. E o menino cresce assim.Ainda anoitecendo fui até a casa dele para ajudar sua mãe (também minha prima), já que ela queria que passasse umas coisas no computador e gravasse algo que, nem eu lembro mais o que era exatamente. O fato é que eu fui, não consegui gravar e minha prima começou a se estressar pelo simples fato do computador estar travando. Eu sabia que ela tinha problemas com nervosismo, mas me assustou o grau e a rapidez com que ela se estressou com aquele mero PC.
_Tenho provas para imprimir! Trabalhos! Essa Impressora também não pega!
Meu Deus! Quanto apego as coisas materiais, quanta dependência à essas novas tecnologias. Confesso que eu também sou um pouco assim. Confesso até que, presenciar aquela cena me fez refletir, pensar e repensar à respeito das vezes que me prendo à computador e outras ferramentas tecnológicas.
Minha prima dizia: Eu perdi tudo! Perdi! Não tenho mais nada!
Quanta negatividade! Ela não havia perdido nada e eu tentava acalmá-la. Pedi que reiniciasse o computador em modo de segurança e ver se estava tudo salvo. E estavam todos os arquivos lá. Porém ela não parava de chorar. Só psicologia para entender. Na verdade eu entendia o que ela sentia. O computador dela não ligava mais, apenas em modo de segurança (o que para ela era a mesma coisa que nada).
Muitas vezes meu computador me deixou na mão. Sou de escrever, guardar coisas, deixar bilhetes, lembretes, tudo no computador (computador era sinônimo de agenda)! Vivia (e vivo) na dependência desse objeto vicioso e tecnológico criado pelas mãos miraculosas das inteligências geniais do nosso querido século XX. O fato é que, quando ele encrencava, eu me despencava a chorar, chorar, me estressar. É triste. E acho que isso não tem a ver com nervosismo ou falta de paciência, mas medo. Medo de perder os arquivos, as fotos. Isso tinha (e tem) muita importância para mim. Não tinha preocupação com o objeto em si, mas com o conteúdo. Na verdade sou viciado no poder que o computador tem em transformar as coisas. No poder que essa ferramenta tem de armazenar os arquivos com tanta eficiência e apagá-los ou nos deixar nervosos com espero prazer.
O computador é e vai continuar sendo a ferramenta auxiliadora da humanidade durante anos. Mas devemos usá-lo com cautela. Já me acostumei com seus ataques e, por isso, me previno. Mas, como disse anteriormente, o que me encanta é a capacidade de o computador oferecer tantas possibilidades para trabalhar nossa inteligência, nossa criatividade. Podemos fazer desenhos, gráficos, montagens, edições, produções de madrugadas inteiras, recados, textos, frases, versos, poemas inteiros, crônicas, contos, livros, novela...e eles podem sumir, simplesmente. O que me deixa nervoso é lembrar de todo o tempo e imaginação que tive para escrever, para fazer as montagens. Isso me deixa muito nervoso e me fez lembrar da prima.
Já estava tarde e ela, a cada vez que reiniciava o computador sem sucesso, aumentava a minha angustia. Que tensão! O que eu poderia fazer?
_Eu to impressionado! Como você pode ficar tão nervosa por um absurdo desses?
Foram essas palavras que eu pude esboçar. Ela derramava lágrimas a cada vez que dizia: Perdi tudo! Tudo!
Na verdade ela não havia perdido nada! Estavam todos os arquivos lá, mas ela não conseguia ligar o aparelho como sempre ligou e estava acostumada ligar. Ela queria “quebrar o computador”, socava a parede, gritava com o filho e, foi nesse exato momento, que eu, ainda num silêncio sepulcral, reparei a relação entre os dois (mãe e filho). Acabei percebendo o que de fato acontecia naquela família e que deixava o meu primo meio “agitado”. Tudo aquilo vinha de casa, dos estresses e nervosismos advindos da mãe, do pai ou da relação que vivenciaram.
Ter descoberto isso me fez crer na capacidade que uma criança tem de absorver os sentimentos, de tentar administrá-los e ter habilidade suficiente para isso. O meu primo não conseguia dizer nada. Nos instantes em que sua mãe se estressara estava em seu quarto, lendo e assistindo TV. Quando ouviu os gritos, veio assustado até o outro quarto saber o que estava acontecendo. Tentou, inclusive, acalmar a mãe sem sucesso. Os gritos continuavam, o estresse também e os meus pensamentos se confirmavam.
Fiquei com medo de deixar o filho ali com ela, naquele estado. Mas tive que ir para casa. Esbocei umas poucas palavras e me retirei, ainda com medo de que o estresse voltasse a abater e ela viesse a fazer uma loucura com o filho ou, tão somente, com o computador. Cheguei em casa um pouco abalado, mas convicto de que minhas conclusões sobre aquele caso estavam certas. Eu só devia ter daqui para frente mais “paciência” com o priminho agitado já que agora realmente constatei que a culpa não é somente sua e que beliscões devem ser dados,mesmo àqueles que “primam” bela e exemplar educação do garoto.

Nenhum comentário: