segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Continuamos esperando


Porque esperamos a lógica e a certeza da felicidade e do prazer de sorrir sem querer e querer morrer de amor por alguém que não existe.Porque esperamos dias em que o céu possa escurecer, embrulhar nossos sentimentos e fazê-los padecer, derreter e descer em forma de colossal garoa. Porque tememos nos perder na neblina das nossas aspirações e sentimentos mortos-vivos que insistem em nos perseguir. Porque estamos sempre esperando dias quentes, esperando a chegada do rei sol. Porque esperamos que palavras signifiquem bem mais do que simples palavras e que a voz seja a porta-voz do sentimento.
Esperamos que sorrisos sejam mais poéticos e sonoros que as vozes mudas dos nossos sentimentos. Esperamos, simplesmente, a perda do medo constante de viver e ver, crer que a morte pode sobreviver e ver que você não parece mais ser você e que o "eu" continua preso, sem ar, acuado dentro de uma máscara espessa que insiste em dizer não à vida.Esperamos que as janelas da alma canalizem emoções e que os corações se libertem em forma de amor.Esperamos cantar e encontrar atrás da máscaras, vidas, almas que supliquem viver.Esperamos encontrar caminhos submersos, abertos, fechados, alados, mas que sejam, simplesmente, caminhos. Caminhos grandes, baixos, altos e pequenos, logos e curtos.Escolhas.Área.Busca.Esperança.
Esperamos ciclos vertiginosos de esperanças e vidas, esperamos respostas, mas recebemos perguntas sobre perguntas que nos levam a outras perguntas que juntas nos levam ao abismo negro, inconsciente e inseguro nada.Esperamos gotas que sejam parcelas, pedaços aos pedaços, carne viva, almas sólidas que clamem por respostas que nos levem à lógica que sequencia o movimento humano em volta da esfera pessoal que resume o que somos.Esperamos futuro.Esperamos olhares que peçam, que falem e que se afoguem em mares salgados, em lágrimas fúnebres de tristeza, mas que se recuperem e subam no navio da esperança no amor e da certeza de que, mesmo nas incertezas, existem segredos secretos escondidos atrás dos conflitos subumanos, dos conflitos silenciosos nascidos de nossa mísera esfera-viva.
Esperamos sonhar com sombras, com placas e passos que nos levem, nos carreguem sonolentos e cansados a uma terra perdida, repleta de sonhos perdidos e esperanças cristalizadas.
Esperamos acordar e lembrar que todo esse longo tempo que passamos nessa "sala de espera", não passa de um vão, vulgar e traidor pesadelo. Esperamos, nada mais.

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