sábado, 17 de outubro de 2009

Cantos e encantos


Sou daqueles que adoram um lugar calmo para pensar, ter idéias, relaxar, escrever. Sou daqueles que gostam dos cantos secretos, dos cantos silenciosos e solitários da cidade. Longe das pessoas, longe dos carros e do consumo que existe em qualquer lugar, desde os grandes centros até as pequenas cidades. Descobrir o que há por trás das casas, o que há por trás das paredes, das colunas. Confesso que há uma coisa nas cidades que me atrai. Há mais do que os prédios, do que as casas que impedem nossa visão mais abrangente, nossa visão mais verde, nossa visão mais natural.
Dia desses passei a seguir as árvores de Ouro Preto. Acho impossível, mas resolvi esquecer por alguns minutos as lindas igrejas e casas antigas. Segui o natural, segui a grama, segui as plantas. Encontrei uma área verde, perdida no meio do centro histórico. Lembrava um jardim. Havia um pequeno muro de pedras justapostas. Do outro lado do muro haviam galhos, árvores e arbustos que cresciam juntos. Sentei-me ali por alguns instantes, ouvi o som dos pássaros e de outros seres estranhos que não pude identificar. Não estava sozinho, mas acompanhado de centenas de seres vivos que eu, podia não enxergar, mas estavam ali, em torno de mim.
Encantador ter um lugar onde os seres se encontram, onde os seres podem viver uns com os outros, mesmo estando perto de grandes centros ou centros históricos. Admiro as cidades que, em seu centro, cultivam e preservam gigantescos jardins. Gigantescas áreas verdes. Áreas que são responsáveis pela vida de outros seres, outras espécies. Admiro aqueles que lembram de que existem outras vidas que não somente a nossa, a espécie humana. Admiro também aqueles que, como eu, também entram em contato com outros seres sem nenhum interesse econômico. Um lugar verde, repleto de sons e ruídos, sejam eles estranhos ou não, me inspiram grandemente. Provam-me que, mesmo na solidão, não estou só. Meio absurdo dizer isso, mas os outros seres estão aí para nos mostrar que não somos únicos, que não somos o cerne do pensamento e que a natureza, o meio ambiente e seus seres têm muito a nos ensinar.
Continuei minha caminhada, sempre atraído pelas áreas verdes. Ouro Preto possui muitas áreas florestais, muitos cantos e encantos. Muitas árvores, muitas reservas, muitas belezas naturais. Além das igrejas, além do histórico, além do belo e antigo, o natural, o paisagem, o misto. Acho importante enxergar além de nós, além do outro ser humano. Acho humano enxergar que existem outros “mundos” outros segredos, outros cantos. Podemos encontrar seres maravilhosos, mais que isso: podemos nos encontrar. Admirar, também, as nossas belezas, avaliar o que somos quando estamos num local ecológico.
Terminei a caminhada, terminei a procura por outros lugares verdes. Descobrirei outros lugares com o passar do tempo. Meus olhos continuarão a subtrair as paredes, as casas e os prédios, tornando-os invisíveis e permitindo a presença cada vez mais constante do outro “mundo” que existe dentro do “nosso”.

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