sábado, 14 de março de 2009

Minha fantástica, louca, porém simples, novela!

Fim de noite, nervos, suor, dia quente. Ligações, chamadas perdidas, mensagens, bilhetes, idas e vindas e uma indelicadeza por parte de uns outros. Críticas que se misturavam a elogios encorajados, palavras vãs que se misturavam ao afeto de outros que só tinham isso a oferecer: amor, carinho e um olhar que parecia nos dizer: vão em frente, continuem. Às vezes é disso que precisamos apenas: conforto, alegria, amor e doação. Chegavam recados, telefonemas, vozes desconcertadas, mal colocadas, frases mal planejadas, verbos e pronomes de tratamento totalmente esquecidos e jogadas ao léu. O fato é que tudo ainda parecia estar salvo. Enfim, depois de toda essa confusão e falta de comunicação, tentei, ainda depois do choro e do desespero, sentar, respirar e tomar um banho.
A água caía, molhavam meus pés, o joelho doía, a cabeça latejava o corpo inteiro falava. Mas eu estava, de passagem, feliz, empolgado, sustentado por colunas humanas que deram uma ‘passadinha’ na minha vida, mas que ficarão aqui, pra sempre, fazendo parte dessa novela louca que minha vida se tornou. Serão mais que personagens ou colunas, serão meus eu’s, aqueles que andam comigo, pensam comigo e compartilham idéias parecidas a beça.
No mesmo momento veio um compacto à minha cabeça, um ‘flash back’ do dia inteiro. Planos, idéias, correria, sufoco e quase nenhum tempo pra amar, pra respirar e dizer ‘to vivo’. Veio em mim aquela imagem de mulher, uma imagem de pessoa encantada, mulher centrada e amante dos meus e dos nossos sonhos. Era Leandra. Tentei me esforçar ao máximo para lembrar onde tudo havia começado. Lembrei-me, no mesmo instante, de Amanda. Personagem que, de início, demonstrou ser uma personagem mirim e que faria uma pequena participação na minha vida. Confesso que, ao longo do tempo, percebi que estava redondamente enganado e que, na verdade, aquela ‘personagem mirim’ não passava de uma pessoinha que iria ocupar espaço enorme na minha agenda, que me empolgaria bastante, me deixaria alegre, me daria mil opiniões, formaria conceitos, me diria frases que nenhuma outra pessoa focada e estudada diria. Dava-me apoio, mostrava um sentimento enorme dentro do peito e um sorriso que não tenho nem palavras pra descrever. Aquela gargalhada gostosa, aquele ‘papo-cabeça’, aquelas conversas, brincadeiras e ‘gravações’ estarão pra sempre comigo.
Passaram-se dias e Amandinha estava lá, envolvida comigo, envolvida em mim e em meus projetos. Palpitava em tudo, queria ajudar, me ligava, contava casos, brincadeiras, saía com a gente, falava a ‘nossa língua’. Viajar com ela então?! Sem comentários! Menina observadora, atenta, esperta...Enfim, a pessoa que me encantou com o jeito, com o olhar, com os gestos, brincadeiras e histórias.
Tal dia Amanda me diz que sua mãe queria um papel num filme. Tentei esconder a timidez e disse sem pestanejar: _claro!
Passaram-se dias, semanas e a Amanda sempre me lembrava de sua mãe e da vontade imensa que ela tinha de participar desses eventos, dessas nossas idéias meio malucas de produção.
Outros dias se passaram. Dia de viagem. Rota direcionada para o Rio, dias frios em Petrópolis. Na concentração eu observava aquelas crianças, empolgadas com a viagem. Eu não me encontrava ali, pensei em desistir dos planos e voltar para casa, desistir da viagem, Petrópolis e crianças! Eu tinha poucos minutos para desistir. Mas o ‘cronômetro’ foi interrompido pela vibrante presença de Amanda, que chegava com um sorriso imenso no rosto querendo compartilhar planos e emoções futuras. Animei-me um pouco. O ‘cronômetro’ psicológico começou a rodar novamente. Sentei-me num murinho discreto em frente a escola de onde sairia a viagem. Olhei para os lados e vi, num cantinho e conversando com umas outras pessoas, a mãe de Amanda. Fiquei parado, quieto e ainda com uma imensa vontade de voltar para casa. Leandra se aproximou veio com um sorriso no rosto. Fui simpático e fiquei ali para ouvi-la. Na verdade até falei mais que ela, contei das minhas últimas histórias e experiências de produção. Para a minha surpresa Leandra havia subido no pequeno muro e já estava lá, conversando e envolvida com meus planos, idéias, enfim, via na minha frente uma espécie de Amanda 2, uma Amanda mais madura que a primeira, mas com muita vontade dentro do peito. Vontades de participar, mostrar empenho, criatividade. Me pediu papéis, opinou sobre as coisas, falamos da viagem, sonhos, universidades, projetos e até do clima! A prometi um papel, mas logo esclareci que ‘nossos’ trabalhos não eram nada muito elaborados, eram simples, com recursos simples, enfim, não era exatamente nada comparado à outras mega-produções hollywoodianas. Porém o que me impressionava era a vontade, o brilho nos olhos com que ela falava em vida, com que ela falava em filhos, planos, projetos, futuro...me encantei completamente.
E, finalmente, havia decidido: fui viajar. Passei momentos ótimos com aquelas ‘crianças’! Na volta, passado alguns dias começamos com a produção de um novo ‘filme’. Leandra faria a mãe da personagem principal, mãe de Nicole. Foi uma pequena participação especial, mas foi prova cabal de que grandes atrizes ou grandes e esforçadas pessoas podem mostrar tudo o que são e o talento que trazem consigo num pequeno espaço de tempo. Mostrou talento, esforço e transmitiu realidade, o que é fundamental.
Logo estávamos nós na cerimônia de exibição, compartilhando nossos medos, dividindo angústias, passando por momentos tristes...Aos poucos fui conhecendo mais aquela personagem-mulher, aquela que pode fazer vários papéis, mas que, em casa, desempenha o melhor deles: o de mãe e mulher. Devagar fui conhecendo sua tão alegre e divertida família. Marcelo havia nos ajudado bastante em alguns momentos de sufoco e dava opiniões centradas, encorajadas e que nos fortalecia. Leandra, Marcelo, Amanda, Davi e Isaac são uma família que há tempos não conhecia. Leandra e Marcelo me mostravam superação, esforço, empenho e juventude. Mostravam caminhos diversos, nos iluminavam e nos projetava num novo ângulo, numa jornada que, teria sim problemas, mas que, com esforço e vontade seriam todos superados.
E tudo foi passado muito rápido. Os momentos bons e, por incrível que pareça, até os momentos ruins passavam voando. Leandra sabia, ao mesmo tempo, ser mulher centrada, comprometida com os problemas, com as causas, focada nos objetivos, ciente dos compromissos, pessoa maravilhosamente espiritual, religiosa, mas que sabia que sua alegria e bom humor poderiam transformar sentimentos, fazer surgir novos olhares e lindos sorrisos.
Essa família, essa menina, essa mulher... uma composição perfeita. Uma família que me encantou e me fez perceber que a vida é bem mais que seguir padrões. Que a vida é bem mais que uma simples e pobre caminhada e que, caminhar um ou dois caminhos só é possível quando se tem, ao lado, pequenas e grandes criaturas, espetaculares personagens reais que fazem a nossa passagem pela terra se tornar algo bem mais fantástico e espetacular que mega-produções globais, não-globais ou wollywoodianas.

08/03/2009

Meus sinceros agradecimentos por, absolutamente, tudo.
Grande abraço!
Léo Alves.’

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