terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O Geração fez uma revolução.

Ainda era cedo quando eu pegava um ônibus do Espírito Santo e partia rumo ao Rio de Janeiro. Eu não sabia ao certo como seria aquela aventura, apenas sabia que lá, na cidade maravilhosa, encontraria com meu futuro, com aquilo que almejava ser um dia. Conhecer pessoas com mesmos objetivos, idéias parecidas e conhecer aquela cidade que inspirava meus trabalhos e poesia foi mágico.
Tudo foi começando devagar, fomos, aos poucos, perdendo o medo de falar, expor idéias e discutir. Fomos desvendando segredos, transformando fantasia em realidade, conhecendo formas, formatos e contornos diversos. Tudo aquilo era televisão, tudo aquilo era cor, fotografia. Na verdade, passei a conhecer um futuro repleto de caminhos. Eram diversas linhas, paralelos que me levavam à um mistério sem fim. Aos poucos, fomos desvendando aquilo de mais interessante em nós: a capacidade, o nosso desejo de transformador. Aprendemos que uma imagem pode substituir palavras, mas que palavras também são extremamente importantes e que completam o real sentido das coisas.
Além de constatar que a minha escolha no vestibular era a mais acertada possível, construí em mim um muro sólido, uma corrente de amizade que se completava e se fortalecia cada vez mais.
Logo eu estava num outro ônibus, num caótico episódio vivenciado numa das rodoviárias mais movimentadas do Brasil. Eu queria ficar, admito, mas queria transmitir pra minha velha infância, aquilo de tão bom e real que havia passado naquele lugar. Queria chegar em casa e extravasar idéias, transformar o invisível em concreto.Demorei um pouco pra constatar, mas bastaram alguns dias apenas para eu perceber que eu havia voltado com outros olhos. Eu enxergava tudo diferente, via outros ângulos, outras formas. Tinha um olhar biônico e deletava aquilo que não me interessava mais.
Foi por causa desses “novos olhos” que passei a enxergar, na minha cidade natal, aquelas pessoas que gostavam de arte, música, papel, tv enfim, que gostavam de comunicação. A gente foi criando, criando e, hoje em dia, somos, praticamente, uma máquina de idéias que não pára de trabalhar. Fizemos, em 2008, um longa metragem intitulado “A Estrela Perdida” – www.aestrelaperdida.blogspot.com , uma história que misturava passado e presente, estabelecendo um elo entre esses dois momentos históricos. Fomos os editores, criadores, roteiristas e diretores. Muqui, de aproximadamente 13 mil habitantes se surpreendeu com nossa capacidade transformadora. Passávamos dias na rua, gravando, numa pequena câmera digital, cenas para o filme. Muitas pessoas paravam, olhavam e nos chamavam de loucos, não acreditavam no poder transformador, não acreditavam que a edição poderia transformar momentos simples em cenas quase que perfeitas.
Chegamos a gravar cenas de acidente, cenas de época, cenas com chuva... Quando exibimos o filme, a população simplesmente não acreditava. Estavam entusiasmados, queriam participar de alguma forma numa próxima produção. Surgiram artigos em sites, queriam nos entrevistar. Logo estávamos lá, na TV regional, exibindo nosso trabalho, nossas idéias e dizendo que não íamos parar mais. E não paramos mesmo. Estamos, em 2009, planejando um outro filme, A Herança – www.filmeaheranca.blogspot.com . Um filme mais trabalhado, de época. Nossa cidade vai até ajudar, pois tem um valioso sítio histórico. Estamos envolvidos com roupas, figurino, cenários e estamos pensando, até, na construção de um cortiço cenográfico. Estamos transformando a estagnada cidade num verdadeiro e movimentado centro de gravação capixaba.
Eu não acreditava que aquela viagem me deixasse com tantas vontades, que retirasse de mim aqueles meus medos, que me fizesse ter vontade de criar e criar. Agradeço tanto àquelas tardes quentes cariocas, agradeço tanto aquelas amizades, aqueles profissionais...Eu nunca vou me arrepender, me esquecer. O Geração Futura fez uma confusão nos meus sentimentos, me fez uma pessoa que enxergasse melhor, me ensinou a fazer escolhas e a traçar caminhos. Hoje sou uma completa máquina de idéias que não pára de funcionar nunca mais.

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