sábado, 24 de janeiro de 2009

Diversão, simplesmente!

Eu estava com saudade de escrever. Tava pensando muito esses dias, raciocinando demais. Cálculos matemáticos? Ainda não...mas acho que a vida ainda é uma equação mal resolvida. Ao mesmo tempo acho que a vida é a colcha de retalhos maravilhosa. Aliás.. to usando muito a palavra 'colcha de retalhos'... mas minha vida é praticamente uma. Minha cabeça anda a mil. São dezenas...centenas de tarefas! Agenda (nas férias, acreditem!) praticamente lotada! Telefones, internet! Mas são as melhores férias da minha vida. E digo isso por que eu nunca estive tão empolgado com nossos projetos. Digo ‘nosso’ porque passei a ter pavor do pronome pessoal (meu). Se você trabalha com mais de uma pessoa (uma, já basta) deve sempre pensar em conjunto, em necessidades, parceria. E isso passou a ser uma meta na minha vida pelo menos uma lembrança um tanto prestativa daquilo que, pra mim, já é passado.
Eu não queria ter que escrever sobre aquilo que me fez e, às vezes, me faz tão mal. Mas essas energias negativas são importantes pra mim. Trazem uma carga que, negativa demais ou não, me fortalecem e me fazem ter certeza de que não preciso de um terapeuta por mais uns cem ou cento e cinqüenta anos. Digo isso porque, em certos momentos, me entendo demais e passo a entender muito as ações dos outros. Na verdade acho isso perigoso, posso, sem querer, tirar conclusões precipitadas e quebrar elos sem necessidade. Por outro lado, não posso desprezar aquilo que vem de mim. Aquilo que meu cérebro insiste em dizer e que o coração insiste em concordar. Eu não posso mentir pra mim mesmo e esconder aquilo que é real e óbvio. E não esquento não, e também não esfrio. Fico na temperatura média, sempre. Na verdade esquento quando preciso, quando é urgente e, quando esse calor trará, futuramente, algum tipo de benefício.
Confesso que fiquei mal nuns dias, eu pensava demais, minha cabeça parecia que ia explodir. Mas tudo, ao mesmo tempo, era muito óbvio, era muito insecreto (eu sei, essa palavra não existe, mas passa a existir pra mim, ok?). Eu me confundia, me perdia, mas, abria os olhos, e só via o óbvio e tentava manipular aquilo que já era o bastante pra perceber que, certas vezes sou um tolo, um idiota-capacho e inocente.
Essas coisas passam, graças às orações de vovó.(Aliás, orações de vovó é outro assunto importante que tratarei num próximo momento). Se não passam, somem da sua cabeça com uma facilidade enorme. Surgem idéias, pensamentos bobos, criativos e infantis, mas surgem. Surgem pessoas, projetos, personagens sólidos e gasosos. Surgem lacunas, surgem momentos felizes, momentos engraçados e inteligentes.
Fiquei até tarde no computador semana passada, assumo. Anteontem e ontem também. Minha mãe reclama. Diz que eu preciso dormir. Mas é exatamente isso que eu digo à ela quando a mesma tenta me levantar às uma hora da tarde do outro dia. _Mãeee! Eu preciso dormir!!! Fiquei assustado quando, até o meu avô, disse a respeito disso. __Você precisa trabalhar de dia e dormir de noite! Está fazendo o inverso!... Minha avó já ta até se acostumando e nem põe meu prato do almoço mais à mesa. Na verdade, de início, a culpa é da internet. A idiota só pega bem de madrugada. É o tempo que eu tenho pra por tudo em dia. Inclusive coisas de trabalho. Depois foi a perca de sono... Eu já havia me habituado com isso. Passei a acordar, tomar o café da tarde, não jantar e tomar um leite antes de dormir. Não comia! Conclusão: uma madrugada de insônia e dolorosas crises no estômago. Foi terrível. Eu só tinha leite na barriga! Fui obrigado a ouvir minha mãe dizer o dia inteiro que eu necessitava de sal! E contou tudo pro meu pai, por telefone. E, por telefone mesmo, meu pai me dava umas broncas severas à respeito de comida. Disse que eu precisava almoçar e jantar regularmente. Caramba! Foi assim durante uma semana! Eu não sou mais criança....! Como disse, porém, sou capaz de reconhecer quando estou errado e, realmente, eu estava. Aliás, eu estou, já que escrevo esse texto pra lá de duas e meia da madrugada. Mas não me arrependo, porque eu me sinto bem com tudo isso e, passei sim, a comer “comida de sal” como diz minha avó.
Minha avó, quando pega pra falar umas coisas eu sento e tento tirar proveito de tudo. Às vezes ela acha que eu nem presto atenção no que ela diz (e, às vezes também, isso é verdade), mas há momentos em que você não precisa dizer nada mesmo! É só ouvir, se deliciar com certas histórias e se emocionar com outras... Outro dia ela entrou no meu quarto dizendo algumas coisas. Eu, no computador, percebi a presença dela. Não desviei meu olhar que estava direcionado pro teclado, onde os meus dedos não paravam de trabalhar, para vê-la em sinal de “ok vó, estou ouvindo”. Mas, realmente eu estava escutando...Minha avó falava e, acreditem, eu conseguia fazer as duas coisas: trabalhar e ouvi-la, perfeitamente. Ela falava a respeito de um terreno da família em Presidente Kennedy, algo que realmente não me interessava, mas era de extrema importância pra família. Achei até legal o que ela dizia. No final me interessei. Ela, coitada, achou que eu não estava prestando atenção (se fosse uma avó mais moderna já teria metido a mão na tomada e desligado o computador sem nenhum aviso prévio). Ela foi ficando meio sem jeito e a voz dela parecia distante. Lembrei-me de que ela havia falado numa construção que meu tio estava pensando em fazer lá, isso despertou meu interesse, mas nem perguntei. Minha avó ficou meio sem jeito, levantou (ela estava sentada na cama) deu uma ajeitada e uma olhada num porta retrato que estava perto do computador (pra disfarçar) e saiu de fininho como se tivesse conversado com a parede aquele tempo todo. [Que porra de neto que eu sou?] Antes que vovó saísse do quarto, disparei: __hein vó! E ele pretende começar a construção quando? - Minha vó tomou um susto e, ao mesmo tempo, celebrou por dentro “Ele estava me ouvindo!”. Voltou escondendo um sorriso dentro do peito e sentou na cama novamente continuando a história. Mas ela me entendeu. Eu continuava a mexer no computador, mas distribuindo uns olhares pra ela de vez em quando. Ela conseguiu me conquistar e, eu, realmente precisava daquele tempo, daquela voz de vó que, às vezes ou quase sempre, dispensamos. Vovó e vovôs são assunto pra artigo, crônica e livro... e estarão sempre no meu coração.
E estou, constantemente, fazendo viagens. Nas últimas semanas andei viajando muito e vivo, na verdade, dois momentos. Minha última viagem foi à Europa, mais precisamente na França onde, na década de 40, tento me refugiar e buscar diferentes formas, diferentes ângulos de imagens. Essa minha viagem aos anos 40 está sendo mágica e envolvente. Mariana embarcou comigo e estamos juntos, percorrendo bazares e outros lugares que nos ajude a compor figurino e complementos de cena que nos remontem ao século passado. Essa viagem, que às vezes fazemos, nos deixa empolgados e, confesso, nos rende alguns espirros e boas histórias pra contar. A gente entra num bazar, eu acho tudo lindo, vou separando tudo, mas a Mariana conhece o momento, conhece o caminho e sabe o percurso da viagem, ou seja, pode não saber tudo, mas conhece a década de 40 muito mais do que eu. Ela simplesmente ia tentando aproveitar o que de anos 40 tinha em determinada peça que eu retirava do cabide. Às vezes ela ficava sem jeito e, realmente, haviam peças que eram dos anos 90! Mas era exatamente uma pessoa dessas que eu estava precisando: uma guia, um anjo. Na verdade eu não procurava... ela surgiu, assim, de repente como quem não quer nada e me mostrou que eu ainda tinha muita capacidade e podia demonstrar bem mais aquilo que eu sentia. E eu me senti mais forte e confiante. Suspirei fundo e passei a embarcar num sonho, num ideal comunitário, num projeto planejado e traçado. E, sozinho, o sofrimento é bem pior, a felicidade é bem menos alegre e as responsabilidades são bem maiores. Você pode dizer: “é meu”, mas carece de um terapeuta, carece de uma base, carece de palavras e se alimenta daquilo que vangloria, mas não fortalece. Ter, mais de uma pessoa (ou simplesmente uma – que valha por mil) do seu lado te dá e traz uma divisão, te ajuda a esquecer de certos problemas, te alivia, te transforma, diminui seu sofrimento, te ampara, te sugere, te liberta, te domina, te ensina e te faz ter orgulho de dizer: é nosso!
E trabalhar com vontade me faz perceber que temos um tempo muito curto. A gente tem que ter tempo pra amar, pra conversar, pra trabalhar, pra comer, pra dormir... que, simplesmente, não sobra tempo pra fazer certas coisas que amamos tanto, mas que só fazemos (nesse caso, eu) quando realmente preciso. E eu estava num ponto que precisava escrever urgentemente... (talvez por isso, o tamanho do texto). Muita coisa eu omito, mas que, em certas palavras indiretas ou bem diretas digo o que sinto. E, procuro ser bem objetivo.
Eu estive muito impressionado com as revelações dos últimos dias, certas incertezas se transformaram em severas certezas, em certezas que doem, mas são certezas e ponto. Passei a me preocupar com uma coisa que às vezes perturba, chamada fu-tu-ro! Eu aguardo, nervoso, alguns resultados patéticos de vestibulares. Ôo! Vestibular! Por que essa palavra me dá um frio na barriga e, ao mesmo tempo, traz um medo tão grande? Traz-me uma angústia, uma incerteza, mas também certas certezas boas...Eu queria ainda ficar, mas partir é preciso e não posso, simplesmente, fingir que e acreditar que a felicidade que aqui existe será o alimento para os restos das décadas da minha vida. Ao mesmo tempo não quero desfazer laços, não quero esquecer dos momentos, nem me desiludir por que sei que ainda há um mundo de coisas pra acontecer. Há, ao mesmo tempo, aquela vontade imensa em substituir aquela palavra tão bucólica por algo tão vadio e bom: amar! Simplesmente. Esquecer que a palavra vestibular e distância podem se tornar algum muro que separe almas divinas e cheias de esperança.
Que vontade de largar tudo! Fugir e fingir que tenho dinheiro e que vivo daquilo que eu escrevo e produzimos pro resto da vida! Pegar num carro, colocar umas pessoas, alguns objetos, umas músicas e uns discos, subir uma serra fechada por eucaliptos e outras plantas e árvores de grande porte, alcançar o monte, andar mais um pouco, se esconder numa casa de campo que, de uma das sacadas se consegue ver um lindo pôr do sol, me refugiar e passar dias numa cama, num dia frio e chuvoso, assistindo simplesmente nada e só ouvir, sentir um cheiro tão bom... Dali, da casa, eu só sairia quando fosse preciso. Talvez ir em algum shopping, assistir um filme no cinema, fazer uma comprinha, sentar um banquinho e conversar, ter uma idéia, interagir, surgirem outras idéias, se animar, voltar pra mesma casa, amar e voltar a trabalhar.
Às vezes é triste pensar que isso não faz parte de uma coisa chamada realidade, mas que isso pode, um dia, se tornar real, muito real. Até porque, aquilo que se sonha junto, ganha força, potência e derruba qualquer energia negativa que tente afetar metas e realizações que não só nos faça felizes como também nos faz sentir cada vez mais capazes de despertar certos desejos e sentimentos de fúria e cura.
E que as palavras: força e amor sejam persistentes no destino e que aquilo de mais forte resista, pra sempre.
E volta aquela aventura, aquela coisa meio que de brincadeira, mas que pra nós se torna algo muito mais ligado ao trabalho, àquilo que realmente queremos seguir e ser futuramente. Essas últimas semanas estão sendo decisivas para o próximo filme. Mariana me surpreende cada dia e, eu nunca pensei que fosse tão bom ter essa relação de trabalho, essa relação de responsabilidade... E eu não sei, definitivamente onde ela se escondia esse tempo todo. Talvez estivesse esperando a hora certa de aparecer, por que ela, pra mim, surgiu no momento que eu mais precisava.
Nas últimas horas passei a sentir um vazio tão grande dentro de mim.. como se eu fosse o culpado de não estar tão perto de TODOS aqueles meus amigos nessas férias. ...é férias! Mas bate uma saudade às vezes...! Enquanto me preocupo com cenas, roteiro e ângulos, me bate uma imensa vontade de estar atrás de um trio elétrico ou, simplesmente pulando, bebendo sem ter motivo, admirando o ócio, sanando vontades, desejos e me divertindo. É dúbio, mas às vezes, quase sempre (nesses últimos tempos) tenho trocado um pelo outro... até porque, há falta de algo ou evento o qual você possa beber, pular e se divertir... quem sabe um programinha mais indiano?Uma pequena festinha...um acampamento talvez....Continuamos trabalhando, se estressando, porém em comunhão. Vamos quebrando a cabeça, anotando idéias, correndo atrás de tudo, criando formas, traçando metas, planejando o possível e o impossível... e se há outra forma de diversão? Ah! Claro que há! Sempre! Realizar-se no trabalho, correr atrás de coisas e se deliciar com as situações do dia-a-dia de produção, acreditem: traz uma diversão e um sentimento muito bom dentro do peito.E viva o acampamento!

3 comentários:

Mariana disse...

Oi leo... vi seu comentario no meu orkut...


Ajudo com o layout sim. O que vc pensa??

Menino!!! Como vc esrceve! Preciso confessar que nao li tudo nao... hehehehe

beijoss

Anônimo disse...

Huhuulll...e que diversão!!!
...praticamente um compacto de tudo que ta acontecendo? Hun... gosto muito.
Quero a Vó Rosinha pra mim...
Não te disse isso mas é que ela, enquanto me contava uma de suas histórias, depositou uma sensação de fé em mim mesma. E se antes era medo (do futuro), agora peço para que não tenha dó de mim – graças a Vó Rosinha tô pronta para encarar tudo que possa aparecer Rss.
Quisera eu que todas as minhas férias fossem assim (é eu sei que estamos longe de toda aquela agitação e diversão que rola nas praias – ITAIPAVA – ou em viagens).
Ainda assim sinto que em lugar nenhum no mundo eu estaria me sentindo mais feliz e realizada.
Neem... grito aqui de longe pra todo mundo ouvir que isso tudo ta sendo MUITO BOM....e o resultado vai ficar lindo, porque meu CORAÇÃO ta ai no projeto junto a seu TALENTO e seu espírito de união.



Estarei com você até o fim, darei tudo e mais um pouco de mim!
;) Te amo.

Anônimo disse...

gostei do post.
aquela leve conversa que vai de um assunto ao outro naturalmente e cheia de reflexões.
chega uma hora que todos se preocupam com o futuro. Essa tem sido minha preocupação nos últimos anos.
O mal é que não se pode saber qual é o caminho certo a percorrer, ou melhor, não há um caminho certo. As pessoas terão felicidades e tristezas diferentes dependendo do caminho que escolherem. Elas ganham e perdem coisas com as escolhas.
=]

Abraço ae