quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O que dizer? O que comer?


Foi tão natural que parecia irreal

Por dentro o coração batia forte, a-ce-le-ra-dís-si-mo. As mãos estavam frias, se perdiam entre as pernas tremulas ou entre os próprios dedos que se cruzavam. Ledo engano acreditar que posso aqui relatar sentimentos quase que indescritíveis. Não vou me arriscar.
O sábado era esperado com festividade e uma carga de responsabilidade absoluta: eu não podia errar, não podia exagerar, não podia me perder em minhas falas. Enfim. Anotei inúmeras perguntas para o que, a principio, era apenas uma entrevista informal. De todas as perguntas: fiz nenhuma. Eu não precisei delas. Aguinaldo Silva me transmitiu muito mais que respostas, me transmitiu confiança. Um olhar que não se perdia, uma voz que narrava histórias com uma leveza e humor dignas de um criador apaixonado. É isso que és Aguinaldo: um criador apaixonado, um inquieto, um observador. E quando se confia não há motivos para fazer perguntas mirabolantes.

Por vezes me acho "pra frente", por outras me vejo "pra tras". Muitas vezes não falo aquilo que "acho que deve ser dito". E outras tantas vezes falo aquilo que "nunca devia ser dito". Parece complicado? Pois assim sou. Como Aguinaldo, sou inquieto. E não paro. Sonho demais e por isso não me frustro: Se um sonho se dissolve, tenho outros. Se meus planos saem dos trilhos, se algo não dá certo: tenho outras cartas na manga, um Plano B que sempre resolve. Os casos e acasos da vida (os problemas na família) podem, sim, ser fatores cruciais no desenrolar dos projetos, mas me inspiro em tudo. Na mãe, no pai, no outro, no verde, no mar, na gente. Na gente brasileira, na cor, no som.

Me encontrar com Aguinaldo (e também Patrício), foi incrível. E naquele instante (o instante do jantar) tinha eu, inúmeros amigos, uma cidade de aprox. 13 mil habitantes que pensava em mim, uma namorada que orava para que tudo desse certo. E deu? Não sei. O que era mesmo para ter dado certo? A conclusão do jantar foi a seguinte: preciso crescer com dignidade, bom humor e crítica. Aguinaldo Silva mostrou, com honestidade e uma clareza ímpar a sua impagável humildade. Me deixou a vontade e eu falei. Falei mais do que eu poderia imaginar. Ouvi também, ouvi coisas que guardarei pra sempre e minha retina captou momentos únicos, risadas gostosas e conselhos preciosos.

Por instantes me vi perdido. Como me comportar frente a um Mestre da teledramaturgia? O que vou comer? Será mesmo que eu preciso comer? Eu queria aproveitar todo o tempo. Inclusive o tempo da comida. Não podia perder nenhum segundo. E, acreditem, usei todos eles. O que ouvi de Aguinaldo e Patrício me emocionaram. Mas eu também, além de não poder errar, também não podia chorar. Chorar? Talvez pudesse, mas que gafe! Não chorei. Mas os olhos se encheram d’água. Elas, porém, evaporaram em questão de segundos As histórias que eram contadas, os casos relatados e o ritmo da conversa, além de passar confiança, me passava uma força absoluta. E quando se está forte, pra que chorar? E Aguinaldo parece ser daqueles que, quando vê uma lágrima diz logo: “Cabra frouxo! Enxugue o rosto e continue escrevendo, sonhando. Pois novela (ou qualquer outro produto audiovisual que seja) é trabalho pra macho suar e não chorar!”. Estou certo?

A inquietude estava fora do comum. A naturalidade do encontro me pasmava. Aguinaldo falava com muita propriedade de um universo que parecia muito longe de mim. De repente estava frente a frente com ele, autor de novelas, o cerne, o ponto de partida e o ponto final, o que assina, o que compromete, o que enquadra. Me senti mais dentro de um sonho possível do que possam imaginar. E me senti realizado.Mas não paro. Guardarei o momento pra sempre, mas a vida continua, os sonhos me consomem, tenho planos e pesadelos. E eu quero mais, quero muito mais que essas oficinas que tenho feito podem me proporcionar. Acho tudo limitado, quadrado, incompetente. Quero ter a força e a genialidade de saber lidar com os sonhos e os planos. Ter metas e atingi-las mesmo sob lágrimas e suor. Quero escrever, quero produzir, quero movimento, Master Class, som, roteiro, luz, ação!

Saí do encontro revigorado. Corado de energias e pronto para continuar a caminhada que, eu sei, está apenas começando.

4 comentários:

IVON DAZ MERCEZ O ARTE EDUCADOR disse...

Vi sua foto e comentários no Portal do Aguinaldo, fiquei curioso! Quem é este cara diante do mais célebre novelista da globo. Procurei descobri. No mundo virtual as coisas são rápidas, logo encontrei e adorei seu sonho. Sim você é competente e digno de conversar com meu ídolo. Quero ler o livro o mais rápido possível e quentinho.

Unknown disse...

Por acaso vi sua matéria no blog do Aguinaldo Silva. Fiquei emocionado.
Quero ler o livro e ver seus trabalhos.

boa sorte.

Luis Fabiano Teixeira disse...

Eu li o post no blog do Aguinaldo, achei bem interessante e vim aqui conferir seus textos. Parabéns. Desejo a você muito sucesso e foco nos seus projetos. Também já tive a oportunidade de conhecer alguns dos meus ídolos autores, assim como você, e são dias inesquecíveis mesmo. Abração!

Daniel Graziane disse...

Salve meu caro. Resolvi passar por aqui e achei muito bacana este momento. Sorte a você. Pense sempre grande e trabalhe duro para que tudo dê certo.

Abraços

Fuiiiiiiiiiiiiiiiii