
Acho um descaso com a cultura capixaba o impecável ‘Teatro de Muqui’ estar construído e desativado, sem uso desde que o conheço. Uns dizem que nada pode ser apresentado no local porque ainda faltam adequações. Mas, visto de longe, (ou melhor, visto de perto), o teatro não tem impedimento algum, nada que delimite o início de exibições de peças que podem ser constituídas, elaboradas e produzidas por uma grade de jovens que, no município, já desenvolvem trabalhos relacionados à produção cinematográfica, ficcional e teatral.
Cresci admirando as representações artísticas e culturais da minha cidade. Com o tempo passei a cultivar e olhar de maneira diferenciada o rico patrimônio histórico de Muqui. O prédio utilizado para a instalação do teatro é uma construção de 1926. Uma belíssima representação arquitetônica construída no ano de nascimento de meu avô. Avô que, cresceu sem teatro, sem instituições culturais, sem impulso, mas que desenvolveu sozinho o seu dom. Meu vô Juvenal será o meu melhor poeta, a minha melhor inspiração, meu pai-avô-educador.
E se aqueles que cresceram sem o aparato estatal cultural conseguiram desenvolver sua veia artística, porque, hoje, não podemos utilizar esse aparato, essa base fornecida pelo estado, para desenvolver e abranger, divulgar e fazer crescer o movimento artístico da pequenina cidade de treze mil habitantes?
A juventude da cidade se dissipa aos poucos. Muitos buscam sua carreira em cidades próximas, faculdade, emprego. Mas, os mesmos que se dissipam se unem, em momentos oportunos, para discussão sobre o desenvolvimento artístico da cidade. E o teatro? Perguntamos. Nada vemos, nada temos. Ele está lá, montado. Cadeiras novinhas, cortinas, palco, luz. Do que mais precisamos?
Há tempos a construção do teatro engatinha, mas me parece que, em pleno ano de 2010 ele está finalizado. 2006, 2007, 2008, 2009...Não sei ao certo o que está acontecendo, o que impede que ele seja “entregue” para a população como um presente ansiosamente aguardado. Não fazem questão (seja o estado ou o município em si, personificado na figura do prefeito e governador, tal como as secretarias de cultura) de informar à população como um todo o que procede, o que impede, qual as dificuldades... A população também não cumpre o seu papel, não questiona, não cobra. Mas acho difícil as pessoas cobrarem, questionarem algo que, realmente não vêem. Espantei-me ao perceber a quantidade de pessoas que desconhecem o teatro, sua estrutura que já está em perfeito estado para apresentação de peças. As pessoas não sabem o que há la dentro daquele prédio, desconhecem tudo, nem imaginam que havia um teatro em construção na cidade há anos.
É difícil questionar, cobrar por algo que não conhecemos, por algo que não sabemos. Infelizmente é o que acontece com muita coisa no Brasil. Muito dinheiro jogado fora, e muitos adolescentes apresentando suas peças de forma precária nas ruas da cidade, em lugares incomuns, condicionados ao Salão Paroquial da paróquia de tantas cidadelas desse país.
O povo muquiense não precisa de um teatro com todas as exigências de um mega-teatro, de uma estrutura gigantesca. Se eu fosse descrever o que realmente percebo é o seguinte: O teatro de Muqui está pronto. Está tudo lindo, cadeiras, mesa de controle, cortinas, camarins. Tudo! E está assim desde que o vi em 2008. Até hoje não sei quem controla o local, de onde veio a verba para a elaboração do teatro. Alguns me dizem que o prefeito da cidade não liberou um dinheiro que era necessário para uns últimos ajustes, outros dizem que ainda não encontraram pessoas certas para a administração do local, outros que ele ainda não está pronto por causa de algumas exigências como “saída de emergência” enfim.
Penso que, as peças, as obras artísticas da cidade continuariam ocorrendo perfeitamente se não houvesse um teatro, se não houvesse um prédio que destinasse seus espaços para a elaboração artística. Penso que a juventude muquiense continuaria, através de seus recursos (que são poucos) a exercitar a arte de uma maneira bem criativa, diferente e, mesmo assim, inovadora. Mas, já que há um aparato bacana para abrigar esse pessoal da arte e da cultura, já que há um teatro propriamente dito, espaço para as pessoas, espaço para o desenvolvimento da arte...porque não utilizá-lo? E se isso não é viável, porque não apontam os problemas? Porque não esclarecem? Porque não dão um aviso? Não informam?
E a cidade continua no mesmo marasmo, no mesmo vai-e-vem de carros, carroças e animais. No mesmo chão onde nascem e crescem raízes, veias artísticas herdadas por pessoas de sangue talentoso. Na terra condenada ao descaso, há ausência de coordenadores, de administradores, de secretários, subsecretários de pulso forte, há presença de todo um aparato administrativo morto (assim como em várias cidades interioranas).
É difícil prever o futuro das coisas, mas é fácil pensar nas tantas pessoas que não fazem a mínima questão em oferecer o que há de melhor no mercado artístico, para aqueles que carecem, não só de espaço físico, mas de incentivo, orgulho, sentimento de pertença.
É por essas e outras razões que, apesar de tudo (falta de incentivo, falta de estrutura, falta, falta e falta..) acredito na cultura capixaba, no seu crescimento e na sua transformação. Faço um minuto de silêncio para pensar nos teatros construídos pelo Brasil e que estão assim, construídos e largados. Teatros fantasmas, ficcionais. Teatros que viram lenda, museu, mito, caverna obscura que vela possibilidades múltiplas de encantamento e emoção.
Cresci admirando as representações artísticas e culturais da minha cidade. Com o tempo passei a cultivar e olhar de maneira diferenciada o rico patrimônio histórico de Muqui. O prédio utilizado para a instalação do teatro é uma construção de 1926. Uma belíssima representação arquitetônica construída no ano de nascimento de meu avô. Avô que, cresceu sem teatro, sem instituições culturais, sem impulso, mas que desenvolveu sozinho o seu dom. Meu vô Juvenal será o meu melhor poeta, a minha melhor inspiração, meu pai-avô-educador.
E se aqueles que cresceram sem o aparato estatal cultural conseguiram desenvolver sua veia artística, porque, hoje, não podemos utilizar esse aparato, essa base fornecida pelo estado, para desenvolver e abranger, divulgar e fazer crescer o movimento artístico da pequenina cidade de treze mil habitantes?
A juventude da cidade se dissipa aos poucos. Muitos buscam sua carreira em cidades próximas, faculdade, emprego. Mas, os mesmos que se dissipam se unem, em momentos oportunos, para discussão sobre o desenvolvimento artístico da cidade. E o teatro? Perguntamos. Nada vemos, nada temos. Ele está lá, montado. Cadeiras novinhas, cortinas, palco, luz. Do que mais precisamos?
Há tempos a construção do teatro engatinha, mas me parece que, em pleno ano de 2010 ele está finalizado. 2006, 2007, 2008, 2009...Não sei ao certo o que está acontecendo, o que impede que ele seja “entregue” para a população como um presente ansiosamente aguardado. Não fazem questão (seja o estado ou o município em si, personificado na figura do prefeito e governador, tal como as secretarias de cultura) de informar à população como um todo o que procede, o que impede, qual as dificuldades... A população também não cumpre o seu papel, não questiona, não cobra. Mas acho difícil as pessoas cobrarem, questionarem algo que, realmente não vêem. Espantei-me ao perceber a quantidade de pessoas que desconhecem o teatro, sua estrutura que já está em perfeito estado para apresentação de peças. As pessoas não sabem o que há la dentro daquele prédio, desconhecem tudo, nem imaginam que havia um teatro em construção na cidade há anos.
É difícil questionar, cobrar por algo que não conhecemos, por algo que não sabemos. Infelizmente é o que acontece com muita coisa no Brasil. Muito dinheiro jogado fora, e muitos adolescentes apresentando suas peças de forma precária nas ruas da cidade, em lugares incomuns, condicionados ao Salão Paroquial da paróquia de tantas cidadelas desse país.
O povo muquiense não precisa de um teatro com todas as exigências de um mega-teatro, de uma estrutura gigantesca. Se eu fosse descrever o que realmente percebo é o seguinte: O teatro de Muqui está pronto. Está tudo lindo, cadeiras, mesa de controle, cortinas, camarins. Tudo! E está assim desde que o vi em 2008. Até hoje não sei quem controla o local, de onde veio a verba para a elaboração do teatro. Alguns me dizem que o prefeito da cidade não liberou um dinheiro que era necessário para uns últimos ajustes, outros dizem que ainda não encontraram pessoas certas para a administração do local, outros que ele ainda não está pronto por causa de algumas exigências como “saída de emergência” enfim.
Penso que, as peças, as obras artísticas da cidade continuariam ocorrendo perfeitamente se não houvesse um teatro, se não houvesse um prédio que destinasse seus espaços para a elaboração artística. Penso que a juventude muquiense continuaria, através de seus recursos (que são poucos) a exercitar a arte de uma maneira bem criativa, diferente e, mesmo assim, inovadora. Mas, já que há um aparato bacana para abrigar esse pessoal da arte e da cultura, já que há um teatro propriamente dito, espaço para as pessoas, espaço para o desenvolvimento da arte...porque não utilizá-lo? E se isso não é viável, porque não apontam os problemas? Porque não esclarecem? Porque não dão um aviso? Não informam?
E a cidade continua no mesmo marasmo, no mesmo vai-e-vem de carros, carroças e animais. No mesmo chão onde nascem e crescem raízes, veias artísticas herdadas por pessoas de sangue talentoso. Na terra condenada ao descaso, há ausência de coordenadores, de administradores, de secretários, subsecretários de pulso forte, há presença de todo um aparato administrativo morto (assim como em várias cidades interioranas).
É difícil prever o futuro das coisas, mas é fácil pensar nas tantas pessoas que não fazem a mínima questão em oferecer o que há de melhor no mercado artístico, para aqueles que carecem, não só de espaço físico, mas de incentivo, orgulho, sentimento de pertença.
É por essas e outras razões que, apesar de tudo (falta de incentivo, falta de estrutura, falta, falta e falta..) acredito na cultura capixaba, no seu crescimento e na sua transformação. Faço um minuto de silêncio para pensar nos teatros construídos pelo Brasil e que estão assim, construídos e largados. Teatros fantasmas, ficcionais. Teatros que viram lenda, museu, mito, caverna obscura que vela possibilidades múltiplas de encantamento e emoção.