terça-feira, 29 de março de 2011

Lançamento do meu primeiro livro: Sorry, eu tenho e quero mais!

Foram meses e semanas de extremada produção. Decoração, iluminação, buffet. Tudo pensado com carinho e nos mínimos detalhes. Perguntam-me: Mas pra que tudo isso? Talvez seja a felicidade do primeiro, a emoção de um livro que parece o primeiro filho. A primeira festa, a primeira publicação. Passou. E foi ótimo, foi lindo. Falei além da conta, superei meus medos, frustrações. Homenageei meu avô, minha inspiração, a pessoa pra quem eu dediquei o livro. A data (26 de março de 2011) foi marcada propositalmente. Dia 25 meu avô, também escritor e poeta, completou 85 anos de vida. A homenagem, é claro, contou com os parabéns dos convidados e um bolo especial. Bom, quando apanhei o microfone, respirei fundo, pois sabia que muito do que ia sair da minha boca não ia agradar certas pessoas (incluindo o secretário de cultura do estado do Espírito Santo, prefeito e vice-prefeito da cidade que estavam presentes no local). Critiquei muito. Foram críticas e observações severas que, mais tarde, se repetiram entre os convidados do bate-papo que promovi com escritores locais. Posso dizer que foi uma festa, pois, quando comecei a autografar os livros de alguns convidados, recebi deles os “parabéns” pela coragem, pela ousadia. Compartilharam comigo a mesma opinião e disseram: “Muitos queriam dizer o que você disse”. Nunca imaginei que as pessoas tivessem tanto medo de falar o óbvio. Não tive medo. Não me deixei levar por discursos discriminatórios, não quis parecer simpático, agradecer a presença do secretário disso e prefeito daquilo. Foi como tinha que ser: polêmico. As pessoas se assustaram. A festa estava linda e fiz questão: imponência, flores, lustres (minha paixão), iluminação, telões de plasma, croquetes, vinho, enfim. Quis mostrar: olha do que ele é capaz. Cidade pequena, infelizmente é assim: se você não faz um convite lindo e não trabalha feito cão pra deixar uma festa parecer a mais rica possível, as pessoas não vão dar valor algum para o que você disser. Tolice? Sim. Podia eu fazer algo simples, mas quis fazer muito. Quis deixar as pessoas intimidadas e não deixá-las me intimidar. Secretário de Cultura do Estado chegou, agradeci a presença, me mostrou sua filha recém nascida e disse: “Olha a futura escritora”. Eu disse: “Okay, sejam bem vindos”. E saí. Importância a gente tem que dar pra quem precisa e, principalmente, pra quem merece a minha admiração. Reconhecer que você tem talento e, principalmente, reconhecer que você pode muito mais do que o outro é fundamental para reconhecer o que pode e o que precisa ser mudado na sociedade e na administração pública. Secretário de cultura local não compareceu, nem mesmo seu “capataz”. Mas eles já desconfiavam que iria dizer muito, muito do que estava engasgado, desde a época da problemática “Tenda Alternativa de Cinema” que queríamos montar no centro da praça da cidade e conseguimos, mesmo sob ameaças. O lançamento foi como eu queria: polêmico. Fiz um bate-papo com escritores para levantar, ainda mais, discussões. Queria que as pessoas saíssem do evento com pulgas atrás das orelhas, cochichos, comentários e críticas. Depois do evento me perguntaram: “Você não tem medo de uma contra-revolta?”. Dei gargalhadas. Se eu disse tudo o que eu disse naquele microfone é porque eu, definitivamente, percebi que não preciso mais da administração pública e nem mesmo de políticos para lançar e editar os meus livros, escrever as minhas histórias, fazer um teatro, gravar um filme. Tudo foi com dinheiro pessoal, com dinheiro de prêmios humildes que ganhei no ano passado. O dinheiro, agora, já acabou, mas a gama de ganhar outros prêmios continua. E, se alguns, pensam que acabou. Sorry. Está apenas começando! Para Julho estou preparando mais dois livros de ficção e um evento com mais atrações culturais na pequena cidade. Se a Secretaria de Cultura de Muqui não faz, eu faço. E, melhor, sem gastar nada, pois nenhum dos convidados para o bate-papo cobrou um só vintém. O microfone ganhei de cortesia de um amigo e o espaço é fácil de conseguir. Ou seja: não fazem nada porque não querem. Estão apenas acomodados com o dinheiro no final do mês. Nada muda. Se fizer um projeto, correr atrás e fazer eventos culturais o dinheiro continuará o mesmo que se não fizer absolutamente nada. Depois da festa, percebi nas pessoas comentários, elogios e críticas que me fizeram respirar fundo e agradecer a Deus este grande dia.





















terça-feira, 15 de março de 2011

O inquieto, o versátil e o multifacetado como novo modelo de profissional.


Eu achava ser comum essa dúvida que me atormentava no início do meu vestibular. O que prestar? Mas eu percebia que muitos sabiam exatamente o que queriam, ou, pelo menos, o que seus pais queriam: médico rico e, não necessariamente, famoso, mas formado e atuante. Talvez se essa, definitivamente, não fosse a vocação do filho, a segunda (talvez única) opção era o Direito ou a Engenharia. E temos aí três verbos que demandam poder: Salvar (medicina), Defender (direito) e Construir (engenharia).

Optar por Jornalismo foi uma decisão ousada. Na minha família pouco são os formados. Portanto, qualquer academia que fizesse seria bem quista e bem vinda pela minha família. Interrogado eu fui, claro. Estudei o meu último ano do Ensino Médio em colégio de rico. Lá 50% da turma era da medicina, 25 % era do Direito e 25% era da Engenharia. Eu não era porcentagem eu era a exceção. Mas eu sabia que também podia salvar e construir, tudo através do Jornalismo.

Mas por que pagar um colégio tão caro se o que ele quer é jornalismo? Se interrogavam alguns. Meus pais fizeram questão. Não ter passado no vestibular da UFES (a única faculdade federal do Espírito Santo – vergonha!) foi importante. Atravessar as fronteiras do estado e seguir para Ouro Preto me fez sair do quadrado e enxergar novas possibilidades.
Acho que desde sempre o cinema atraiu. E, com as novas possibilidades acarretadas pela tecnologia e pela globalização, eu pude, simplesmente, criar filmes! Eram amadores, mas eram meus e eram resultado de toda uma referência vinda da telenovela. Hoje, porém, já posso tecer críticas acerca da Tv.

A telenovela tenta ser a realidade, mas, muitas vezes, fracassa. Na tentativa criam alegorias humanas deturpadas. Ninguém é essencialmente o bom moço, ninguém é totalmente uma mocinha. A Tv, em alguns momentos, peca por não ousar, por não arriscar. Plastifica e cria modelos. Novela, muitas vezes, vira sinônimo de merchandising. Não se busca desalinhar o padrão praticamente industrial. Não defendo, aqui, o que eu poderia chamar de “socialismo teledramaturgico”. A qualidade jamais deve ser perdida, mas não custa nem um pouco investir em tramas severamente enraizadas na cultura brasileira, na realidade brasileira. Câmera na mão gente!

Interpelam-me: Mas ninguém gosta de cultura! Ninguém quer se ver na televisão! Medíocre são estes que acreditam ser a cultura, apenas aquilo que se digere no teatro e se reproduz em museus. A cultura talvez também seja o cotidiano das pessoas da favela carioca e a realidade está longe de ser algo difícil de ser digerido pela população. Se não há realidade, mesmo que um tanto fantasiada e maquiada (já que a cenografia é excelente e até o pobre tem casa modesta na Globo), o que se vê na TV? A novela, nada mais é, do que um Jornal Nacional destrinchado e encenado. O que não se deve perder nunca é o vínculo com o telespectador. E o telespectador não é somente a socialite. Muito pelo contrário. Creio que a maioria dos telespectadores advém da classe média. E já que essa é a classe que garante o sucesso da novela, que se invista, cada vez mais, no recorte de sua realidade, no estudo aprofundado de suas relações inter-pessoais.
Mas me volto ao título desta postagem: A inquietude e a versatilidade como tributos importantíssimos no mercado de trabalho. Conversando outro dia com um amigo Jornalista, ele me relatou o início da carreira como uma fase extremamente frustrante. Por gostar de escrever, dançar, interpretar etc, etc, etc, era, muitas vezes, criticado. Como pode ser um jornalista, se, ao mesmo tempo, faz centenas de outras coisas? Era essa a pergunta que permeava em seu meio de trabalho. Até pouco tempo, um profissional multifacetado, que tinha dom para ir além, não era o modelo querido. Privilegiava-se aquele que investia numa carreira, que sabia fazer uma coisa só e muito bem. Mas as coisas mudaram. Hoje em dia, há pessoas que fazem 10 coisas que resultam 10 coisas de sucesso!

O mercado de trabalho mudou. A globalização acabou exigindo um profissional que atendesse a diferentes demandas. Hoje, por exemplo, não se pode aceitar que um jornalista não tenha uma percepção mínima de crítica ao cinema, à telenovela, a arte. O profissional de hoje, seja ele engenheiro, advogado ou, até, médico, deve estar informado quanto às novas plataformas tecnológicas. Aqueles que se prenderam a máquina de escrever, sem acompanhar o crescimento absurdo da internet e das novas ferramentas como twitter, facebook, blogs etc, foram, literalmente, passados para trás.

Chegar a essa conclusão que, desde já afirmo ser pessoal, me fez bem. Além da dúvida que permeara a época de vestibulando, há a dúvida do mercado de trabalho: roteirista, produtor, diretor ou um mero redator que cumpre as tarefas e segue à risca todas as regras? O que eu quero é mais. Se há um curso referência em roteiros, dele vou me empenhar. Se há uma pós-graduação especialíssima no cinema, por que não me arriscar? Gostar de dirigir, escrever e produzir, não representa, para mim, um problema, mas uma solução. Se, numa produção, temos pessoas que curtem e que escrevem, estes vão possuir uma capacidade crítica aguçadíssima. Vão poder entender o processo no qual estão inseridos com muito mais clareza.

A fase do funil (aquela em que uma carreira vai predominar sobre as outras) é claro que vai acontecer, pois, afinal, temos que nos sustentar. Mas o que quero defender aqui é que, mesmo preso a certa profissão, nada te impedirá de, nas horas vagas, personalizar seu blog, construir uma crítica, usar o twitter, gravar um filme, escrever um livro. A repressão (espero eu) acabou! Por isso invista em tudo o que você sabe fazer. Não perca tempo. Leve um bloco de papel e caneta para a fila depressiva do supermercado e escreva, e crie, e produza. Quanto mais produzir, mais vai se enriquecer.

É estúpido acreditar que existem profissionais que chegam ao local de trabalho, cumprem todas as funções, desempenham corretamente todas as tarefas, mas que não saem do quadrado. É, mais uma vez, o medo de arriscar, o medo de sair do padrão, de se jogar. Mas até entendo. A necessidade de muitos por um salário, fez com que o fato de cumprir apenas as tarefas obrigatórias já fosse o suficiente, afinal, o valor do salário no final do mês seria o mesmo. Faz sentido? Faz. Mas se prender e acreditar que aquele será seu emprego para o resto da vida é, praticamente, se fadar ao fracasso.