sábado, 21 de março de 2009

Dois em um!


Na minha fase adolescente, costumava sair pouco. Adorava (adoro) livros, televisão,.. ficar em casa para mim era primordial. Assistir filme, estudar e ficar inventando mil e umas coisas dentro de casa e ouvindo sermões e amores de minha avó eram as coisas que eu mais gostava de fazer quando tinha lá meus 13, 14, 15...anos!Não que eu seja tão velho - até porque muita gente acha que ainda tenho cara de 15 ! – mas é que, há uns anos atrás eu era o amigo-caseiro que ninguém queria ter. Tinha sim uns ou outros colegas, amigos sim, perseverantes, porém poucos.
Apesar das notas em provas serem boas, excelentes, enfim, tinha alguns amigos – colegas – movidos pelo interesse. Procuravam-me na hora das provas, me pediam ‘cola’... Eu tinha aqueles amigos ‘de rua’. Aqueles amigos que sempre querem fazer uma bagunça no logradouro, movimentar tudo, mover o mundo!
Apesar de tudo isso, eu ainda preferia ficar em casa muitas vezes. Quantos carnavais passei em casa...quantas viradas de ano, natal...! O lar para mim era um lugar sagrado – e ainda é. E isso foi se repetindo...repetindo... Podia estar em casa triste, mas era uma tristeza que eu gostava. Não me sentia bem em lugares públicos, exposto à tudo e à todos. Muitas vezes deixei o ‘público’ me esperando para falar no microfone, sumia de repente em festas, tinha pavor de me apresentar, me explicar...triste sina para uma pessoa que, hoje, quer ser jornalista.! E mesmo assim, quando era obrigado à ir a eventos grandes e recepções na casa de parentes – sim, até de parentes eu tenho vergonha e, assumo, até hoje sofro com isso – eu não via o momento único de chegar em casa. Eu podia não ter absolutamente nada para fazer no ‘querido lar’, mas adorava ficar lá. No meu canto, no meu mundo.
E eu podia estar no meu quarto, na sala ou em qualquer cômodo da casa... o barulho de rua, bagunça... não me incomodava. Até me fazia bem. Saber que não estou acordado sozinho e que havia movimento lá fora me fazia bem. Mas, que fique bem claro, era eles lá e eu aqui, divididos pela parede, entre janelas. Sozinho.
Eu até podia ter sofrido com isso. Poderia ter me tornado um menino incompreendido, ter depressão! Mas era aquilo que eu amava: Ficar sozinho, isolado. Não me faltava amor, não me faltava nada! Mas eu preferia ficar em casa! Era uma opção minha!
Tentei, inutilmente, freqüentar a rua de vez em quando, mas eu não via sentido ficar lá, sem nada para fazer. Sentar, comer, conversar com os amigos? E daí batia a solidão: cadê os amigos? As conversas?
Conheço uma pessoa que deve sofrer com isso. Muitas vezes quando o vejo na rua tomo um susto. Ela não sabe se comportar “em sociedade” e, na impossibilidade de ser natural, acaba simulando situações, falando como se fosse um outro personagem, faz ceninha, não sabe onde por a mão, fica sem jeito, tropeça, pede perdão às pessoas quando esbarra nelas (okay, isso se chama educação, beleza!), enfim...tentava fazer um ‘social’, tentava ser outra pessoa para, simplesmente agradar as outras pessoas. Escondia-se atrás de si mesmo. E eu o conhecia bem. Sabia que em casa ele era outra pessoa. Falava diferente, tinha outros tipos de movimento, era, simplesmente, ele!... Ainda bem que não cheguei à esse ponto. Assumia que não gostava de movimento e ponto. Não gostava de balada, rua... enfim!
Porém o tempo foi passando e, não sei como, mas fui, devagar, conhecendo outras pessoas, outros seres, outros lugares. Passei a ir na rua, ver gente, conversar normalmente. Assumo que, ainda sou muito atrapalhado, passo por umas situações constrangedoras, ás vezes. Sou tímido, mas muita gente não entende. Quem me conhece sabe que tenho dois lados e que ser tímido, faz parte de somente um deles.
Por incrível que pareça, essa herança da minha infância-adolescência eu vou carregar pra vida toda.Porém, quando estou num evento festivo ou num lugar dançante, começo a ‘me alegrar’ um pouco e me divertir muito. Daí, aqueles que conheciam o Léo caseiro, menino bobo e atrapalhado e que só tinha talento e nada mais, passavam a tomar um susto quando me viam lá: ‘alegre’, vivendo e levando a vida como qualquer outra pessoa ‘normal’.Prova viva foi quando, certa vez, conheci uma menina numa noite noite de forró (Eu? No forró? Que mudança!). Eu tava um pouco alegre, mas consegui me apresentar e ainda arrisquei perguntar o que ela ia fazer da vida (eu sei que isso era um pouco impróprio, mas minha sina (na falta de coisa melhor) perguntar o que as pessoas iam fazer no vestibular). A menina disse que faria jornalismo e eu, simplesmente gritei que também faria. E ainda perguntei:
___Está estudando?
___Muito!
___Eu não estou estudando nada!
___Pois é. Sua vaga será minha!
Pode ter sido brincadeira, mas o meu grau de alegria naquele momento diminuiu. Até porque eu estava bem triste com coisas relacionadas à vestibular. Eu podia estar na melhor escola do estado, mas naquela época não estava estudando direito, envolvido com outras coisas, outros assuntos, não estudava em casa!E isso me deixou meio “pra baixo” aquela noite. O fato é que ainda disse assim:
___Entra no meu blog!
___Com certeza!
___Te passo depois! - eu disse.
Bom, ela não devia ter posto nenhuma confiança em mim. Blog? Ela não devia acreditar que um ‘maluco’ como eu pudesse escrever alguma coisa. Ela ficava lá, com aquela cara de jornalista séria, num lugar barulhento.Pós forró, tratei de encontra-la na internet e enviar o link do blog. Depois de ter lido um ou outro texto, ela não acreditava que eu era o mesmo menino do ‘forró’. No mesmo instante conclui que existem duas pessoas em mim. Nem sempre temos que representar aquilo que seremos futuramente, num lugar onde aquilo que seremos futuramente é o que menos importa!
De fato, passei a me expressar melhor, ter visibilidade. Microfone? Bom, embora ainda o estranhe, passei a tê-lo como amigo. Falei de mais nos últimos dias... e ele me ajudou em alguns momentos, confesso. Meu problema (ou não) é que depois que passei a estar mais “em sociedade’ passei a notar várias ‘falhas no sistema’. Coisas que, para mim, são erros absurdos, muita ignorância em alguns, falta de ignorância de outros. Não generalizo, mas há, em qualquer sociedade que se viva, muita burocracia, muito preconceito, muito... muito...
Muitas vezes penso em fazer um flash-back nesse filme que é a minha vida. Voltar aos meus 14, 15 anos e rever à que sociedade pertenço, mas tendo consciência de que nenhuma sociedade é perfeita. Nem aquela que existe no nosso imaginário é completa: 100% feliz e saudável.
Mas confesso que, depois que passei a me relacionar mais, ter mais amigos, amigas e colegas, me tornei uma pessoa até mais criativa. Penso mais, tenho várias opiniões sobre determinado assunto. Ouço comentários sobre meu trabalho, críticas e elogios. Leque de amigos, rede de colegas! E isso vai ser e está sendo extremamente importante para mim. Para um ser humano que quer ser jornalista é extremamente importante tecer um bom diálogo, falar com todo tipo de pessoa, se infiltrar em ‘qualquer sociedade’, ouvir comentários, várias opiniões e esquecer da bolha do eu, do infinito particular que é tão necessário, mas que, em certos casos, deve ser esquecido para tornar o trabalho mais real (não que o infinito particular seja fictício), mas o torna mais abrangente, atinge outras camadas, agrada a maioria.E pra ser bem sucedido, hoje, é necessário atingir a maioria, ser maioria, ter a maioria a seu favor. É só ali: no meio do povo, no meio da sociedade e enfrentando todo e qualquer tipo de problema que se pode realizar um trabalho que os atinja de modo a causar frenesi e, por que não, indignação. E com o passar do tempo fui percebendo que aquela profissão surrealista era mesmo aquilo que eu queria para mim, era o meu início – até porque não penso em cursar somente jornalismo.
E o tempo que eu precisava para conhecer as pessoas, os olhares, um amor forte...eu ganhei com a reprovação no vestibular. Porém, quero deixar claro que ainda não conheço tudo. Não conheço todos os povos, todas as indignações, todos os costumes, regiões, países e municípios brasileiros e não-brasileiros. Não conheço o todo, a massa, o leite e a nata social brasileira. O que relato, são apenas pequenas experiências vivenciadas numa cidade do meio urbano-rural, do sul do Espírito Santo que, embora não queira, aparenta, sim, uma divisão de classes e costumes bem visível.
E tudo foi importante para mim. As experiências, o meu mundo fechado e infantil, minha herança, meu passado precioso. Tudo foi necessário para formar a pessoa pensante que sou, capaz de relatar tudo o que vê e sente. Meu passado, meu infinito particular que me fizera tão feliz, hoje se torna meu flash back preferido. Parte da minha história, parte de um outro eu.
Se dizem que eu mudei? Não! Nunca! Sou apenas o mesmo de sempre. O menino calado, que às vezes fala demais. O menino observador, que escreve demais. O menino sério, que se ‘alegra’ demais. O menino caseiro, que sai demais. O menino fechado, mas que ganha (ou perde) uma amizade fácil. O menino que chora, mas que brinca, sorri e faz loucuras como qualquer outra pessoa feliz. O menino magro, que come demais. O menino que anda e cai demais. O menino que clama, ora e canta demais. Esse menino, esse rapaz...
E ainda bem que comecei a fazer novas amizades, passei a sair. Imaginou se eu continuasse aquele menino caseiro – eu ainda sou muito, muito, muito caseiro! – o que teria acontecido comigo? Talvez eu perdesse todos aqueles amigos ‘de rua’, por que esses também passaram a se relacionar mais, talvez meu infinito particular fosse meu único amigo, talvez fosse a pessoa mais triste, mais infeliz, talvez passasse no vestibular, mas o que adiantaria? O que seria sem meus amigos? Sem essa sociedade que, apesar de tudo, me inspira e me faz ter espírito crítico? Aliás, agradeço muito à ela, pois é a responsável pelos meus textos, gera dúvidas, faz minha cabeça funcionar, maquinar, pipocar e quase estourar!
E fico assim, deixo assim, vivo assim. Fazendo o mundo, pessoas e sentimentos se tornarem fontes inesgotavelmente criativas para o meu conhecimento particular. Se tornarem experiência, se tornarem eu! Deixo que me envolvam, deixo que tomem conta de mim desde que eu, com qualquer potencialidade de observação, anote tudo, canalize tudo e forme a minha opinião.
E podem nos chamar de estranhos, insociáveis ou sociáveis até demais. Só não podemos deixar de sermos experiência, causarmos experiência. Ela sim, é e será a nossa herança eterna, aquilo que a gente vai levar para a vida toda.

"Aceita o conselho dos outros, mas nunca desista da tua própria opinião." (William Shakespeare)

terça-feira, 17 de março de 2009

"Aquela"...

...e eu estava quieto, mudo, lembrando de imagens, fotos, momentos presentes, passados, lembrando de diálogos, carícias, idas e vindas que o mundo dá. Me veio na cabeça a imagem dela.
Aquela que sempre me chama pra entrar, mas não aceito
Aquela que sempre quer me ver bem, feliz
Aquela que se preocupa comigo e se preocupa com a minha preocupação por ela.
Aquela que parece ter medo de me ver sofrer
Aquela que transborda alegria quando me vê fazer o que gosto e, ao mesmo tempo chora, quando tudo vai mal.
Aquela que me ouve sem ter muitas razões
Aquela que, às vezes, omite certas coisas, finge estar bem
Aquela que me faz cair tantas vezes e, rir tanto.
Aquela que não gosta de platéia, mas adora ser aplaudida.
Aquela que me surpreende
Aquela que, com ou sem palavras me convidou a fazer uma ‘pontinha’ no filme da vida dela
Aquela que me acorda e pergunta se eu to bem
Aquela que me chama pra dormir, que quase me põe na cama, e quase me dá remédio à força.
Aquela que te uma gargalhada linda.
Aquela que implica com meu nariz fingindo –amá-lo rsrs
Aquela que tenta, tenta, mas um dia vai perceber que é meu maior frasco de remédio.
Aquela que nunca, nunca vai ser um xarope, aquele que a gente faz cara feia pra engolir.
Aquela que me faz crer que o sentimento é possível
Aquela que me entende, corresponde e me chicoteia com seus cílios.
Aquela que pega na minha mão, tenta me ler com os olhos...
Aquela que me ensinou um pouco de etiqueta, me fez esquecer o verde e amadurecer.
Aquela que ouve minhas histórias com empolgação tamanha e me faz acreditar que a minha história, meu passado são realmente contos pro resto da vida, lições...
Aquela que lê meus recados, que lê meus textos, que aprecia sem moderação minhas idéias, põe valor no meu pensamento.
Aquela que chega empolgada, me abraçando, contando novidade.
Aquela que chega triste, mal me respondendo, triste, pra baixo.
Aquela que eu sempre quero ver aqui, comigo, no peito, dentro de mim, guardada num baú que eu guardo perto da cama... ah.. e a cama?
Aquela que acha minha cama ‘gostosa’, que vai embora e deixa um cheiro no meu travesseiro.
Aquela que faz minhas madrugadas mais longas, que me deixa mais feliz.
Aquela que diz que é tarde, que devo dormir.
Aquela que exige, cobra...
Aquela que me faz discar teu número, sem ter assunto.
Aquela que sempre me olhava, olhava, olhava e, quando eu olhava, desviava.
Aquela que, pra sempre, será a primeira a ler meus textos, meus pensamentos bobos, minhas crônicas inacabadas, minhas idéias garranchadas, minhas letras horrendas, meus recados grosseiros.
Aquela que será sempre, pra mim, fonte de pensamento, fonte e fonte de energia que alimenta a parte mais feliz do meu cérebro e me faz jorrar palavras, frases que já não sei onde colocar.
Aquela que ativa meu olhar, que projeta um imenso raio no meu pequeno coração.
Aquela que me deixa com saudades
Aquela que, às vezes, deixa meu coração mais apertado.

Aquela que mora lá, mas mora aqui, ao mesmo tempo.
Aquela que me deixou entrar sem pedir, sem falar.
Aquela que me lê sempre e me deixa louco de vontade de poder lê-la também.
Fico eu aqui, imaginando e só supondo idéias, sentimentos que não se lê, que não se descreve fácil, que ganha páginas e mais páginas e pode se tornar filme.
Aquela, aquela, aquela...
Aquela que sempre esteve aqui e eu não percebi, não falei.
Aquela que nunca quer aparecer na frente da câmera, mas estará sempre no meu visor principal, no meu palco, no meu pequeno teatro mágico real-fictício. Sendo aquela que, desde o principio, foi a personagem que se tornou minha referência, minha fonte criativa, minha menina, minha mulher.

sábado, 14 de março de 2009

Minha fantástica, louca, porém simples, novela!

Fim de noite, nervos, suor, dia quente. Ligações, chamadas perdidas, mensagens, bilhetes, idas e vindas e uma indelicadeza por parte de uns outros. Críticas que se misturavam a elogios encorajados, palavras vãs que se misturavam ao afeto de outros que só tinham isso a oferecer: amor, carinho e um olhar que parecia nos dizer: vão em frente, continuem. Às vezes é disso que precisamos apenas: conforto, alegria, amor e doação. Chegavam recados, telefonemas, vozes desconcertadas, mal colocadas, frases mal planejadas, verbos e pronomes de tratamento totalmente esquecidos e jogadas ao léu. O fato é que tudo ainda parecia estar salvo. Enfim, depois de toda essa confusão e falta de comunicação, tentei, ainda depois do choro e do desespero, sentar, respirar e tomar um banho.
A água caía, molhavam meus pés, o joelho doía, a cabeça latejava o corpo inteiro falava. Mas eu estava, de passagem, feliz, empolgado, sustentado por colunas humanas que deram uma ‘passadinha’ na minha vida, mas que ficarão aqui, pra sempre, fazendo parte dessa novela louca que minha vida se tornou. Serão mais que personagens ou colunas, serão meus eu’s, aqueles que andam comigo, pensam comigo e compartilham idéias parecidas a beça.
No mesmo momento veio um compacto à minha cabeça, um ‘flash back’ do dia inteiro. Planos, idéias, correria, sufoco e quase nenhum tempo pra amar, pra respirar e dizer ‘to vivo’. Veio em mim aquela imagem de mulher, uma imagem de pessoa encantada, mulher centrada e amante dos meus e dos nossos sonhos. Era Leandra. Tentei me esforçar ao máximo para lembrar onde tudo havia começado. Lembrei-me, no mesmo instante, de Amanda. Personagem que, de início, demonstrou ser uma personagem mirim e que faria uma pequena participação na minha vida. Confesso que, ao longo do tempo, percebi que estava redondamente enganado e que, na verdade, aquela ‘personagem mirim’ não passava de uma pessoinha que iria ocupar espaço enorme na minha agenda, que me empolgaria bastante, me deixaria alegre, me daria mil opiniões, formaria conceitos, me diria frases que nenhuma outra pessoa focada e estudada diria. Dava-me apoio, mostrava um sentimento enorme dentro do peito e um sorriso que não tenho nem palavras pra descrever. Aquela gargalhada gostosa, aquele ‘papo-cabeça’, aquelas conversas, brincadeiras e ‘gravações’ estarão pra sempre comigo.
Passaram-se dias e Amandinha estava lá, envolvida comigo, envolvida em mim e em meus projetos. Palpitava em tudo, queria ajudar, me ligava, contava casos, brincadeiras, saía com a gente, falava a ‘nossa língua’. Viajar com ela então?! Sem comentários! Menina observadora, atenta, esperta...Enfim, a pessoa que me encantou com o jeito, com o olhar, com os gestos, brincadeiras e histórias.
Tal dia Amanda me diz que sua mãe queria um papel num filme. Tentei esconder a timidez e disse sem pestanejar: _claro!
Passaram-se dias, semanas e a Amanda sempre me lembrava de sua mãe e da vontade imensa que ela tinha de participar desses eventos, dessas nossas idéias meio malucas de produção.
Outros dias se passaram. Dia de viagem. Rota direcionada para o Rio, dias frios em Petrópolis. Na concentração eu observava aquelas crianças, empolgadas com a viagem. Eu não me encontrava ali, pensei em desistir dos planos e voltar para casa, desistir da viagem, Petrópolis e crianças! Eu tinha poucos minutos para desistir. Mas o ‘cronômetro’ foi interrompido pela vibrante presença de Amanda, que chegava com um sorriso imenso no rosto querendo compartilhar planos e emoções futuras. Animei-me um pouco. O ‘cronômetro’ psicológico começou a rodar novamente. Sentei-me num murinho discreto em frente a escola de onde sairia a viagem. Olhei para os lados e vi, num cantinho e conversando com umas outras pessoas, a mãe de Amanda. Fiquei parado, quieto e ainda com uma imensa vontade de voltar para casa. Leandra se aproximou veio com um sorriso no rosto. Fui simpático e fiquei ali para ouvi-la. Na verdade até falei mais que ela, contei das minhas últimas histórias e experiências de produção. Para a minha surpresa Leandra havia subido no pequeno muro e já estava lá, conversando e envolvida com meus planos, idéias, enfim, via na minha frente uma espécie de Amanda 2, uma Amanda mais madura que a primeira, mas com muita vontade dentro do peito. Vontades de participar, mostrar empenho, criatividade. Me pediu papéis, opinou sobre as coisas, falamos da viagem, sonhos, universidades, projetos e até do clima! A prometi um papel, mas logo esclareci que ‘nossos’ trabalhos não eram nada muito elaborados, eram simples, com recursos simples, enfim, não era exatamente nada comparado à outras mega-produções hollywoodianas. Porém o que me impressionava era a vontade, o brilho nos olhos com que ela falava em vida, com que ela falava em filhos, planos, projetos, futuro...me encantei completamente.
E, finalmente, havia decidido: fui viajar. Passei momentos ótimos com aquelas ‘crianças’! Na volta, passado alguns dias começamos com a produção de um novo ‘filme’. Leandra faria a mãe da personagem principal, mãe de Nicole. Foi uma pequena participação especial, mas foi prova cabal de que grandes atrizes ou grandes e esforçadas pessoas podem mostrar tudo o que são e o talento que trazem consigo num pequeno espaço de tempo. Mostrou talento, esforço e transmitiu realidade, o que é fundamental.
Logo estávamos nós na cerimônia de exibição, compartilhando nossos medos, dividindo angústias, passando por momentos tristes...Aos poucos fui conhecendo mais aquela personagem-mulher, aquela que pode fazer vários papéis, mas que, em casa, desempenha o melhor deles: o de mãe e mulher. Devagar fui conhecendo sua tão alegre e divertida família. Marcelo havia nos ajudado bastante em alguns momentos de sufoco e dava opiniões centradas, encorajadas e que nos fortalecia. Leandra, Marcelo, Amanda, Davi e Isaac são uma família que há tempos não conhecia. Leandra e Marcelo me mostravam superação, esforço, empenho e juventude. Mostravam caminhos diversos, nos iluminavam e nos projetava num novo ângulo, numa jornada que, teria sim problemas, mas que, com esforço e vontade seriam todos superados.
E tudo foi passado muito rápido. Os momentos bons e, por incrível que pareça, até os momentos ruins passavam voando. Leandra sabia, ao mesmo tempo, ser mulher centrada, comprometida com os problemas, com as causas, focada nos objetivos, ciente dos compromissos, pessoa maravilhosamente espiritual, religiosa, mas que sabia que sua alegria e bom humor poderiam transformar sentimentos, fazer surgir novos olhares e lindos sorrisos.
Essa família, essa menina, essa mulher... uma composição perfeita. Uma família que me encantou e me fez perceber que a vida é bem mais que seguir padrões. Que a vida é bem mais que uma simples e pobre caminhada e que, caminhar um ou dois caminhos só é possível quando se tem, ao lado, pequenas e grandes criaturas, espetaculares personagens reais que fazem a nossa passagem pela terra se tornar algo bem mais fantástico e espetacular que mega-produções globais, não-globais ou wollywoodianas.

08/03/2009

Meus sinceros agradecimentos por, absolutamente, tudo.
Grande abraço!
Léo Alves.’

domingo, 8 de março de 2009

Pra cima!'

Bom, Há tempos não escrevo. Já andam me cobrando, perguntando se esqueci do meu prazer, se estou perdendo a criatividade. Que absurdo! Ninguém precisa ser criativo para escrever um texto! Talvez precisemos de um pouco sim, admito. Mas dizer certas verdades e pensamentos nem sempre necessitam obrigatoriamente de uma criatividade miraculosa!’
Passou carnaval, escola.. estudos outra vez. E eu aqui, nessa página de blog deprimente, escrevendo minhas mazelas e fazendo delas as minhas fontes de inspiração.
Tenho notado as minhas fraquezas, notado aquilo que, querendo ou não, estão me prejudicando. Digo ‘prejudicando’, não no seu total e generalizado sentido. São coisas que me deixa feliz, que me eleva, me deixa com um baita sorriso no rosto, mas que, de certa forma, se torna algo que impede que seu objetivo central seja alcançado mais rápido.
Eu amo escrever, amo ler, gosto bastante de estudar. Mas, ao mesmo tempo, gosto de produzir, trabalhar, mexer com arte e seus desdobramentos!
O fato é que mil coisas andam acontecendo. E todas essas ‘mil coisas’ são ótimas, me deixam pra cima! Mas como já disse, devo abrir mão de algumas coisas.
De vez em quando tenho umas vontades insanas, uns desejos bobos, umas maluquices que são só minhas... mas repenso e vejo que estão todas antecipadas, mal postas, mal reguladas... enfim!
Vontade imensa de sumir. Ter uma casa na árvore, numa floresta não especificada. Sumir em galhos, passar ali uma noite fria. [*]

“E o meu coração chorava, minha alma clamava por alguém, que me fizesse fazer viver” – Rosa de Saron.

Vontade de conversar, pelo menos ter contato direto ou indireto com as plantas, com o verde, senti-los e admira-los...Vontade de abraçar. Sentir um vento bom, sem melancolia passando pela janela. Vontade de fugir. Entendendo que sou um ser especial pra mim mesmo e que eu não preciso ser exemplo pra ninguém. Fugir dessa sombra terrível, desse monstro misterioso que corre atrás de mim sem se explicar e sem deixar claro o que quer de mim.
Queria subir numa pedra bem alta, numa montanha onde eu só veria verde, mais verde, verde, verde! Veria umas nuvens com os olhos cheios de lágrimas, prontas para derramarem água santa em tudo! Prontas para lavarem nossa alma. Que vontade de estar numa serra gaúcha... Respirando ar dos pampas sem lembrar que existem problemas, sem lembrar que existe família (sim, às vezes até da família precisamos esquecer!), esquecer de tudo! Lembrar apenas de mim! Relembrar meus momentos particulares, minhas vontades absurdas, lindas. Desejar meu melhor futuro, esquecer das revistas, dos jornais e pensar que só existe eu ali. Eu e mais mil, milhões de seres que são bem vindos quando não me fazem mal. Pensar que aquele mundo foi feito só pra mim, só pra você. Fazer aquilo tudo se tornar o meu infinito particular. O meu mundo. Isso pode parecer um comentário ou um desejo meio/muito cosmopolita, mas não ligo não. Acho que, às vezes ou quase sempre, precisamos pensar assim. De modo a nos elevar um pouco. Fazer nosso ego crescer dentro de nós mesmos.